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Sunday, December 31, 2006

Listas

A festa do Ano Novo não é mais do que a nossa vontade de comemorar as nossas próprias convenções. Dou por mim a questionar a diferença entre o último e o primeiro dia do ano. A verdade é que não há diferença, o tempo é contínuo, não é um ciclo com princípio e fim. Apesar de ser uma ilusão, a noite do Fim do Ano apanha-me sempre um pouco nostalgica.
Antes da meia-noite duas listas devem ser feitas:

- O que foi bom e mau
- O que deve ser mudado

Parece simples, mas requer uma introspecção interessante. Todos os anos faço este exercicio, e apesar de parecer tão facil, o que deve ser mudado acaba por ser muitas vezes repetitivo, entre cada ano que passa...

Friday, December 29, 2006

O que o Natal tem de bom...

O que o Natal tem de bom é isto: a capacidade de me fazer crer que certas coisas não mudam.

Invulgarmente, a noite da Vespera de Natal toma uma dimensão especial: o frio da rua mistura-e com a capacidade que tenho de me manter na infância.
Deito-me com um cansaço que contraditoriamente me deixa feliz. O meu último pensamento antes de adormecer profundamente, é que no dia seguinte será Natal. E porque de mãnha acordo e abro os presentes. E porque me levanto e as pessoas estão diferentes e a casa está diferente. E porque o Mundo muda neste dia, a noite da Véspera de Natal tem esse encanto: ser a noite porque se espera durante 365 dias do ano.

Sunday, December 10, 2006

Habituamo-nos a tudo

É assim que me sinto: cheia de frio. E parece uma descrição meramente física, uma constatação objectiva num dia em que efectivamente está frio.

Tenho os dedos enregelados, paus secos que me saiem das mão, desajeitados. E doem-me quando alguma coisa os toca. Sinto-me tão fria... Atrevo-me a por o nariz de fora do cobertor. Lá dentro, onde cultivo o calor era capaz de ser outra pessoa. Os olhos parecem não se ressentir, mas albergam a frieza que me consome, quando olham pela janela e vêem um dia diferente. Acabam por ser eles quem mais sente a frieza que sinto hoje...
A chávena de chá que fumega perto de mim, não chega. É um lampejo do calor que fere de tão rápido que se extingue.

Inevitavelmente o frio chegou. Mas habituamo-nos a tudo, até a isso.

Friday, December 08, 2006

Porto

O fim de semana passado estive, finalmente no Porto. Não me surpreendeu o facto de ter adorado a cidade. Apesar de nunca ter ido lá durante os meus vinte e três anos de existência conheço o suficiente da paisagem do Norte para me identificar com o cheiro do ar cortante e o brilho do granito nas pedras.
Enquanto passeei pela ribeira, não pude evitar pensar que uma vez, já lá vão alguns anos, equacionei seriamente a hipótese de ir estudar para o Porto.
É assim que divagamos, quando nos perdemos pelos caminhos paralelos que a nossa vida podia ter seguido. O que teria mudado? Quem seria eu? Onde estaria o meu Mundo?
Inconscientemente, a semana passada desejei ter escolhido essa opção. Mas só porque naquela noite estava ali, num cenário que agora trocaria de bom grado...
Sei lá se essa seria a melhor opção... Tenho de viver com a única que tenho, com a que construi. A que me vai levando aos meus sonhos. E que até acabou por me conduzir ao Porto..

O abandono...


O Abandono

Um dia houve em que o
Barco flutuou sozinho.
Deixara Deus no cais.


Lúcia - "Poemas para Monet"

Sunday, November 26, 2006

Pensamento do Dia

Sento-me aqui, à tua espera. O amor não é inteligente, é simples.

Saturday, November 18, 2006

Sunday, November 12, 2006

Uma andorinha não faz o Verão

A andorinha viajou léguas para chegar à praia. Era uma, entre tantas outras manchas negras que bicavam o horizonte.
E no entanto trazia consigo o calor da tua voz. E nas asas abertas à liberdade sentia a profundidade dos teus olhos fundos.
Não haveria modo de a distinguir das outras. Mas distinguia-se.

Uma andorinha não faz o Verão, a menos que seja, ela própria o Verão.

Saturday, November 11, 2006

Vaidade

"O peixe encheu-me de vaidade com os seus elogios. Olhei tanto para mim que me esqueci de tudo. Dá-me outras vez as minhas asas. Eu quero voltar a ser como dantes. "

A fada Oriana - Sophia de Mello Breyner Andresen

Quando era mais nova e lia esta história condenava Oriana por se ter afastado dos que precisavam dela. Achava quase ridículo ela ter-se envaidecido com os elogios de um peixe que a fizera ver-se no espelho da água do rio. Era tão pouco o que o peixe lhe dava. Era tanto o que ela tinha.
Mas hoje, compreendo a moral da história como se a lesse pela primeira vez. É como se pudessemos experimentar a posição de Oriana de vez em quando. E então, deixamos o lenhador e o moleiro porque nos descobrimos, porque vemos que para além deles também existimos, também temos uma imagem que se reflecte no rio. E é uma descoberta incrivel. Depois deixamos o Poeta que costumamos encantar, porque descobrimos um encanto maior, porque sabemos agora que a vida está para além da nossa floresta e que não podemos encantar quando não estamos encantados. E por ultimo deixamos a Velha que depende de nós, porque nos habituamos aos elogios de um peixe maldoso, mas que ao reparar em nós nos mostra um Mundo desconhecido: nós próprios. E é quando deixamos a Velha que depende de nós , que essa descoberta se torna em vaidade, num narcisismo extremo que nos encandeia quando olhamos o rio. Oriana foi castigada e nos sê-lo-emos ao agir assim.
A diferença é que hoje compreendo-a.

Monday, November 06, 2006

Alentejo

Ás vezes a janela abre-se. Não sei porquê. Talvez fosse a Lua na planície, talvez o meu espirito que naquele momento estava solto. Talvez fosse tudo isso ou apenas a minha vontade de ver a janela aberta, de a identificar na árvore que recorta os mares da Lua.

Foi inevitável pensar nos “Mundos Paralelos”. A descrição do outro mundo, a calma e a doçura daquele cenário, que fisicamente poderia estar aqui na nossa vida, mas que é apenas uma realidade utópica que não agarro.

E assim o Alentejo conquistou-me finalmente, ao fim da tarde. Com uma janela aberta e uma Lua do outro Mundo.

Saturday, October 28, 2006

Elegia

Nem os dias longos me separam da tua imagem.
Abro-a no espelho de um céu monótono, ou
deixo que a tarde a prolongue no tédio dos
horizontes. O perfil cinzento da montanha,
para norte, e a linha azul do mar, a sul,
dão-lhe a moldura cujo centro se esvazia
quando, ao dizer o teu nome, a realidade do
som apaga a ilusão de um rosto. Então, desejo
o silêncio para que dele possas renascer,
sombra, e dessa presença possa abstrair a
tua memória.

Nuno Júdice

Monday, October 23, 2006

Buraco Negro

E se de repente conseguisse atravessar o buraco negro? E se de repente conseguisse entrar num outro Mundo, um daqueles que é paralelo ao nosso?

E se de repente esse Mundo, um dos muitos, fosse exactamente igual ao nosso?

Queremos o que está longe ( tão longe quanto a velocidade da luz nos leva) porque cremos que o que está longe é diferente do que está perto. E se não for?

Sunday, October 15, 2006

Mudança

O equinócio não se sentiu exactamente no dia 23 de setembro quando o Verão acabou. Foi na sexta, quando o vento agreste me sacudiu a pele e me fez sentir desconfortavel no meu casaco aparentemente tão frágil, que soube sem dúvida que o Outono chegou. É assim que se passam as coisas. Ainda que elas aconteçam devagar, é o momento em que as percebemos que conta. E isso faz-me sentir uma pessoa pragmática, como se a minha vida mudasse assim de repente, como se um dia estivesse no Verão, e no outro no Outono, e como se isso fizesse toda a diferença...

Tuesday, October 10, 2006

Há dias assim

Ha dias assim. Confusos, cinzentos, pessimistas. Dias em que só vemos os nossos medos e só cheiramos o negro do que nos sufoca o coração.
Há dias em que percebemos claramente que deviamos ir embora, conhecer o Mundo para adquirir experiência, para não sermos assim tão susceptíveis. Mas depois, claramente percebemos que a isso se chama fugir. E tudo se torna confuso novamente.
Há dias assim, em que deviamos morrer por cinco minutos. Sentir a dor extrema, fulminante... depois já nada podia ser pior que isso, e já estariamos preparados para voltar a viver.

Saturday, October 07, 2006

A Rosa

"-Foi o tempo que perdeste com a tua rosa que tornou a tua rosa tão importante. (...)
- Os homens já se esqueceram desta verdade - disse a raposa. - Mas tu não te deves equecer dela. Ficas responsável para todo o sempre por aquilo que está preso a ti. Tu és responsável pela tua rosa...
- Sou responsável pela minha rosa ... - repetiu o principezinho, para nunca mais se esquecer."

O Principezinho - Saint-Exupéry

Tuesday, September 26, 2006

A busca

Quando desejamos muito algo, preenchemos os nossos dias com uma só cor. E por vezes a ausência é tão violenta, que a cor cobre o vazio que sentimos, amacia-o. Como a busca não cessa, ansiamos por saber quando ela terminará. Quanto mais tempo passa, mais saborosa é a cruzada. Mas mais exigentes e incrédulos somos. Não cedemos facilmente a uma evidência.
Ontem, a minha busca terminou. Talvez seja imprudente escreve-lo aqui, mas o simples facto de o fazer, incute-me uma consciência desmedida de que é real. Acabou ontem, sem mais nem menos, sem hora marcada, sem nada que o fizesse prever. Acabou por soube que tinha acabado, porque de repente voltei a ver as cores todas. Se calhar é imprudente afiança-lo tão cedo, mas apetece-me faze-lo. Se a busca continuará ou não,não quero saber. Ontem, terminou.

Monday, September 25, 2006

Sonhos

Amontoam-se os meus
sonhos,
como almofadas na
cama.
Ás vezes durmo sobre
eles.

Lúcia Agosto-2006

Sunday, September 24, 2006

O Fim do Verão

"Alto e esguio, cabelo ruivo áspero. Os olhos azuis, doentes. Olha o Mar da praia, a areia sente-a demasiado na pele, como se o tacto fosse um sentido fresco acabado de descobrir. O poente lança faíscas de cores na sua direcção. O arco-íris desenhado tão diferente do de ontem, como será do de amanha alimenta-o. Vive disto, e do barulho das ondas. Sem elas, a vida faz um eco no vazio da sua caverna que não suporta.
Um dia houve em que não conhecera o Mar. Tão longe está dele esse pensamento, como a gaivota que por ali anda. Vai e vem. Ás vezes permanece na praia. Nesse tempo o cabelo era macio e os olhos não ardiam.
Na praia, a esta hora quase deserta, as ondas batem-lhe de mansinho, contam-lhe as histórias que trazem do outro lado do Mundo. Como ele não tem pressa, ouve com atenção. É por isso que fala pouco, diz que prefere ouvir o Mar.
Costumava ter um vazio dentro de si. O vazio do que não lhe fora roubado, do que nunca conhecera. O vazio de estar permanentemente cheio. Por isso partiu, ficar tornava-o igual todos os dias perante a ausência do que sempre lá esteve. Era como guardar a areia entre os dedos. Inútil.
Quando vira o Mar pela primeira vez, percebera finalmente porque é que tudo antes fora tão insípido para ele. Era tudo finito, de tão palpável. Era tudo pequeno, embora o pequeno fosse tudo o que conhecia.
Ficara com o Mar, quando o vira. O Mar devia ter nascido perto dele. Ali nunca nada estava preenchido. Tal como o horizonte, a vida era indefinida.
Dantes também falava pouco. Mas isso não mudara quando vira o Mar. O que mudou foi a extensão do que via, foi o alcance dos seus olhos, apesar de agora estarem mais baços, doentes.
Inspira o ar que tem o perfume único da espuma enrolada nos seus dedos e dos pedaços de areia de várias cores. Os rochedos aplacam tudo, protegem-no. Não lamenta as manchas na pele vermelha, que um dia foi branca imaculada de neve. Foi o vazio do mar que não conhecera que lhe dava agora a sensação peculiar daquela onda que se desvia do caminho e muda a forma da praia para sempre. "


Lúcia - Agosto 2006

Saturday, September 23, 2006

Liberdade

No dia em que vi a entrevista completa da rapariga austríaca raptada aos 10 anos e que esteve presa até aos 18, apercebi-me que o trauma que a atingiu não é muito diferente do que se pode passar connosco, em algumas alturas.
De facto, dizem os psicólogos que ela desenvolveu uma frieza calculista que lhe gelará o coração para sempre. Foi assim que sobreviveu, calando o medo e enterrando as memórias ruins que tinha. É assim que se luta pela liberdade. E é o que fazemos quando o pequeno quarto onde estamos ou a pequena cidade em que vivemos se torna na cave de Natasha. Esperamos dias, meses, anos pela oportunidade. Ás vezes chegamos a duvidar que ela apareça, mas é isso que nos mantem glaciarmente vivos: a esperança na liberdade.

PS: As minhas desculpas aos eventuais leitores deste blog, mas a avaria dos computadores é um problema de resolução lenta...

Wednesday, August 30, 2006

O retorno

"Tudo retorna". Eu não sou excepção, por isso, após alguns momentos de fuga, voltei ao blog. E é com prazer que recomeço a ter vontade de expor aqui os meus pequenos e esqueléticos pensamentos de todos os dias. Como fiquei algum tempo sem o fazer, quase esqueci o alívio que isto me transmite, como se me deitasse mais leve e o sono fosse ele próprio mais pesado.
Hoje, tal como me tem acontecido nos últimos tempos acordei cedo e levantei de imediato. Notei que agora nunca fecho as persianas todas, convido subtilmente a luz a entrar-me pelo quarto, mal o sol nasce. Descobri que as manhãs são compridas, como eu julgava só serem as noites. Não há nada de particularmente interesante nestas constatação e no entanto ela consegue ser tão poderosa como um espelho. De repente temos a sensação que mudamos.

Sunday, August 06, 2006

Leitura de Verão

"Ela diz que é ao contrário, que ela não pode esquecê-lo. Que a partir do momento que não se passa nada entre eles, fica a memória infernal daquilo que não acontece."

Olhos Azuis, Cabelo Preto - Marguerite Duras

Thursday, July 13, 2006

Destinos Exóticos

Dantes, quando era um pouco mais nova, gostava de pensar que um dia chegava a casa, punha algumas roupas numa mochila e partia. O destino nao sabia, nem como vinha o sustento. Era uma espécie de fantasia cinematografica, andar sempre em frente, fazer o possivel por sobreviver em cada dia. A minha imaginação não me conseguia levar por muitos quilometros, mas era muito libertador pensar que um dia podia ter umas asas tão grandes, desafiar Icaro e não cair.
Quando me ponho à janela, acabo por pensar sempre na Gronelandia, na Patagonia, na Antartida. São os sitios longínquos, que gostava de explorar. Icaro caiu, mas pelo menos voou.

Monday, July 03, 2006

Diferente

Com toda a intenção
De te querer diferente,
Vasculho as coisas
Simples:
A ilusão da cor ou
O poder de fazer
bolhas de sabão.

Não sei se cheguei
A ver-te pela janela,
Acabas por ser tão diferente
Que te igualas aos
Outros.

Lúcia
Março/06

Tuesday, June 27, 2006

Sempre as férias...

Há épocas de exames que começam assim, tortas. Fiquei doente e faltei ao primeiro exame, para além disso parece que o tempo é sempre pouco para respirar, para escrever aqui, até para ouvir música. Ontem, saí do Técnico tarde, e mesmo já sendo mais do que oito horas, a luminosidade continuava intensa. Foi um convite irrecusável para percorrer a pé as ruas até ao Marquês de Pombal. Ai apanhei um autocarro que tem um percurso diferente até minha casa. Demorei imenso tempo até chegar, mas esperar na paragem envolvida no vento, e deliciar-me com as nuvens de fim de tarde que estavam pintalgadas de dourado foi a melhor contribuição que podia ter dado para o exame que fiz hoje. Faz-me sempre desejar que os dias fossem só o fim da tarde, como se o ano pudesse ser sempre o Outono, ou a vida sempre as férias...

Tuesday, June 13, 2006

Manjerico

Para quem leu o Harry Potter, pode dizer-se que o Majerico é a minha Mimbulus mimbletonia

Saturday, June 10, 2006

Finalmente...

Finalmente um pedaço de tempo para poder escrever aqui! A semana passada fui ao Rock 'in 'Rio e gostava de ter podido escrever sobre a maravilhosa experiência que foi, e o poder incrivel do concerto dos Red Hot a que assisti. Mas infelizmente nessa altura estava longe de imaginar que ia passar os próximos quatro dias no Técnico de manhã à noite a trabalhar ( e noite é mesmo noite). Quando acabei, só me apetecia dormir indefinidamente. Hoje, em que declarei oficialmente um dia de férias, fui ao cinema ver o X-men. Uma excelente escolha dado o meu cansaço, e como sempre gostei da simplicidade do filme, patente sempre nestes filmes de acção. São sempre fantásticos e ao mesmo tempo guardam uma pequena lição de moral. A deste era a luta pela liberdade de escolha...
Este foi finalmente, um sábado diferente... Estou a ouvir relaxadamente música no meu quarto, tudo parece luminoso.... Custa-me acreditar que o concerto dos Red Hot já tenha sido há uma semana... Quase nem tive tempo para absorver aquela breve euforia... A música quando partilhada, tem o poder de tornar o momento especial.

Sunday, May 28, 2006

Calor

Detesto este calor. O ar tão seco, o bafo que queima os pulmões quando abro a porta da rua. Detesto o tempo que demoro a adormecer, ainda que os lençois sejam os mais frescos e as janelas estejam abertas. Decididamente não fui feita para este clima. Fico tão mole, que não me apetece sequer responder quando falam comigo.
Para além disso entro numa fase de latência onde vislumbro tudo o que quero fazer, como se um plano organizado da minha vida surgisse perfeito. Ironicamente, não tenho é forças para o seguir.

PS: Qual a importância que devemos dar ao passado?

Saturday, May 13, 2006

Prosa - Pensamentos

Ontem, enquanto estavamos na discoteca, ocorreu-me pensar que não sei quando me tornei tão exigente com as pessoas. Talvez já o seja desde sempre, consequência imediata da minha observação atenta aos pequenos pormenores que de tão insignificantes, não fazem parte do Mundo real... E é ai que reside a minha tenacidade em compreender a minha própria filosofia: se não significam nada, porque hão-de significar-me tudo? Gostava de poder correr essa persiana dos meus olhos, ignorar a visão super-heroica que me desfigura o Mundo.
Apesar de a música não ser muito boa, foi fantástico sentir os meus pensamentos fluirem como um rio e a breve angustia de os ver precipitarem-se nas cataratas, a compreensão da minha pessoa, à proximidade dum precipício. Começo por ser exigente comigo mesma, e alterno entre a falta de auto-estima e um quase narcisismo espontâneo. A exigência aos outros é tão natural como olhar o espelho e esperar uma boa resposta.
Não é fácil chegar a uma conclusão destas, entre as batidas da música da discoteca, entre as pessoas que se parecem tanto, e que tanto fazem para se parecerem. Acabo por não perceber se não são exigentes ou se a exigência está em serem todos iguais.
Muitas vezes, antes de me aceitar na minha própria exigência, senti-me tentada a fugir. Hoje em dia, ninguém é mais implacável comigo do que eu. Se eu não o for com os outros, como posso regressar todas as noites para o espelho que me acolheu?

Saturday, May 06, 2006

Aula de Poluição Atmosférica - Modelos Estocásticos

"I would be vaguely rigth than precisely wrong"

Keynes

Tuesday, May 02, 2006

Princípio de Le Chatelier

É incrivel como o equilibrio surge naturalmente... É exactamente quando achamos que perdemos algo insubstituivel que a vida, na sua gigante reacção química, nos devolve lentamente fragmentos de outras possibilidades....
Ou talvez isso seja só a nossa capacidade amadurecida de resistir e ultrapassar as desilusões...

Monday, May 01, 2006

Divagações

Parece que não tem qualquer ligação, mas ao ler a biografia das 5 mentes que arquitectaram as 5 maiores equações de todos os tempos, senti-me vulnerável ás minhas eternas escolhas. Desde sempre que nunca me fixei numa coisa, parece que consigo manter um interesse equilibrado por tudo. Ás vezes isso parece-me uma qualidade rara, outras é só uma capacidade preguiçosa de não querer aprofundar coisa alguma.

Sunday, April 23, 2006

Ulisses, o heroi

Este sábado acabei de ler um livro sobre a guerra de Troia, de Marion Zimmer Bradley. Desde sempre que os mitos gregos fazem a minha perdição e nunca sei qual deles prefiro. É como se todos eles tivessem morais diferentes que uso consoante a vida me aparece e eles se aplicam.
Mas do livro, não perdou a imagem de Ulisses que a escritora faz passar. Compreendo que a história é contruida com base nas personagens míticas que vivem em Troia e que, nesta perspectiva, Ulisses que era grego e foi o autor do famoso cavalo de Troia tenha de ser visto como um inimigo.
Mas para mim, Ulisses é o heroi da Odisseia, o navegador que iludiu os ciclopes, escapou ás sereias e visitou o Inferno. Para mim, Ulisses será sempre o heroi. E mal dos troianos que se deixaram levar pelo cavalo de madeira que tão igenuamente acharam ter lá sido deixado pelos gregos como presente...

Wednesday, April 19, 2006

Jardim dos Pesadelos

Tenho arranjado coragem para visitar o Jardim Botânico, que fica na Ajuda. Como tenho esta estranha aversão pelas estátuas com repuxos, que impiedodamente povoam Lisboa, tento há algum tempo procura-las para que me decida a perceber o que realmente me perturba nelas. Não que até hoje tivesse encontrado muitas respostas, mas fontes que eu achava nunca ter visto com os meus olhos, reconheci-as de pesadelos que tinha ( e tenho...). E uma das estátuas que mais me repulsa nesses sonhos está sempre num jardim verdejante e bonito.
Depois de algumas investigações pela net, descobri que o Jardim Botânico é conhecido não só pelas suas plantas exoticas mas pelos seus marmores espalhados por toda a área.
Na altura achei que se referiam ao Jardim Botanico que fica no Principe Real, e quando lá fui descobri, entre um misto de desiludida e alivida que ali só haviam mesmo plantas diferentes, e árvores imensas. No entanto o passeio até valeu a pena...
Esta semana, voltei a pesquisar para ir á Ajuda, definitivamente. E não é que o site mudara, tendo uma fotografia do jardim, e de algumas fontes?
Desta vez, não há muitas desculpas. O jardim dos meus pesadelos vai abrir-me as portas...

Friday, April 14, 2006

Mulher com Sombrinha

Antigamente sabia bem qual era o meu quadro preferido de Monet. Mas ultimamente não tenho conseguido resistir ao encanto de "Mulher com sombrinha". Como sempre, ultrapassa-me compreender estes fenómenos que mudam o nosso gosto e alteram a visão que temos dum simples quadro.

Tuesday, April 11, 2006

Provérbio Árabe

"Não declares que as estrelas estão mortas só porque o céu está nublado"

Sunday, April 09, 2006

Coincidências

Não tenho aulas à sexta feira, pelo que os meus fins de semana parecem sempre prolongados. Apesar de manter tarefas que não me permitem estar em férias durante três dias, gosto muito deste regime. Faz-me parar mais vezes. Dantes achava que isso era um veneno para a alma... hoje em dia é necessário.
Este sábado fiz um percurso em Lisboa, e quando dei por mim, estava no Rossio, ao pé daquelas estátuas simétrias. Senti logo um arrepio, desde pequena que não suporto estátuas com repuxos... um trauma qualquer de acontecimentos que recalquei, mas que ainda hoje têm efeito e me crispam de pesadelos.
Quando cheguei a casa, exausta ( mas bem disposta), tomei um banho escaldante e deitei-me à luz dos ultimos raios que invadiam o meu quarto, para acabar o livro que tinha estado a ler até então. Ao som de Tchaikovsky, e Schubert devorei as ultimas páginas, empolgada numa historia sobre uma ilha quase isolada, os seus habitantes pitorescos e o estrangeiro que dava pela alcunha de "O Ruivo". Nunca resisto a historias sobre o Mar, principalmente se evocarem sitios errantes quase esquecidos, onde outras sensações, as mais profundas, flutuam...
Quando acabei o livro ( quase com pena, de deixar as personagens que durante alguns dias fizeram parte da minha vida), passei para o filme estranho que estava a dar na RTP2. Supostamente era sobre um jovem esquizofrenico. No principio, evitei reparar que ele perseguia um coelho nos seus sonhos ( ás vezes tenho receio de me tornar obcessiva), mas quando ele tenta atravessar um espelho, não tive duvidas que havia referências a Alice no pais das Maravilhas... Pensava eu que isso era o que de melhor o filme me estava a oferecer, algo do mais estranho que tenho visto.. mas eis que surguem as viagens no tempo, Einstein e o a sua rede do Espaço-Tempo. Não esperaria ver tantas coisas que eu gosto juntas e ligadas no mesmo sitio." As coincidencias são estranhas, por isso é que são coincidencias".

Sunday, April 02, 2006

Meio-dia

(Praia da Costa)


Meio-Dia

Meio-dia. Um canto da praia sem ninguém.
O sol no alto, fundo,enorme, aberto,
Tornou o céu de todo o deus deserto.
A luz cai implacável como um castigo.
Não há fantasmas nem almas,
E o mar imenso solitário e antigo,
Parece bater palmas.

Mar- Sophia de Mello Breyner Andresen

Saturday, April 01, 2006

Dia das Mentiras

Quando era pequena, o meu pai costumava dizer-me, no dia das mentiras, que tinha encontrado um cão no elevador que falava. Era esta a sua mentira, todos os anos. No entanto, ele dizia isto de forma natural, e a falta de emotividade na voz ( como se fosse algo expectável, encontar um cão que fala...) era perfeita.
Não que acreditasse no puro facto que ele me relatava, mas ao ser tão impossível e causal ao mesmo tempo, esta mentira abria a porta escondida daquele Mundo, onde deixamos de ser incrédulos e acomodamos qualquer dúvida.
As mentiras demasiado verdadeiras, acabam sempre por ser detectáveis. Já os limites do impossível são elásticos...

Tuesday, March 28, 2006

Pensamentos

Hoje passei pelo colegio onde tive aulas dos 10 aos 15 anos... Acabei por ficar naquela paragem de autocarro, e no caminho a pé para casa não pude deixar de reparar nas mudanças que se operaram. Quase era capaz de me ver sair daquela porta, a porta de todos os dias na altura... Incrivel como o quotidiano muda de forma tão violenta. Dantes aquele Mundo era tudo o que eu conhecia, os limites do imaginável tinham pouco alcance. No entanto, lembro-me de me querer ir embora, de querer conhecer mais... Na altura não sabia definir as sensações, não lhes dava nomes.
Hoje aquele Mundo parece quase ridículo de tao longe que está de mim. O que foi a realidade, hoje é uma breve passagem ao fim da tarde, uma pincelada impressionista do passado.
De qualquer modo, num Mundo bem mais abrangente, hoje tenho a mesma falta de definição.
Sem querer imagino-me a ficar na proxima paragem, e a vislumbrar este meu Mundo de agora, como uma nuvem distante...

Tuesday, March 21, 2006

Dia Mundial da Poesia

Na terra negra da vida
Pousio do desespero,
É que o poeta semeia
Poemas de confiança.
O poeta é uma crinaça
Que devaneia.

Mas todo o semeador
Semeia contra o presente.
Semeia como vidente
A seara do futuro,
Sem saber se o chão é duro
E lhe recebe a semente.

Miguel Torga, Nihil Sibi

Saturday, March 18, 2006

Prioridade

" Suponhamos, com efeito, que um branco tem vontade de fazer qualquer coisa e que o seu coração lhe arde em desejo por isso: que , por exemplo, lhe apetece ir deitar-se ao Sol, ou andar de canoa no rio, ou ir ver a sua bem-amada. Que faz ele então? Na maior parte das vezes estraga o prazer com esta ideia fixa: não tenho tempo de ser feliz."

In O Papalagui

Aqui está uma excelente maneira de estipular quais as pessoas de quem gosto. Revelam-se pela prioridade que manifestam na maneira com gastam o pouco tempo que têm.

Monday, March 13, 2006

Sonhos loucos?

Serão todos os sonhos loucos? E serão também loucos os sonhos dos loucos?
Sabemos de modo tão inato o que é admissivel, o que não excede os nossos limites. Sabemos porque essa fronteira permanece invisivelmente marcada. É por isso que vivemos de modo tão previsivel. É por isso que temos ordem. Quando sonhamos a entropia instala-se, porque existem milhares de maneiras de termos os nossos pensamentos desorganizados. É quase como se fosse o contraste com a nossa vida, a libertação caótica de tudo o que temos guardado no nosso cérebro.
Será que os loucos também têm sonhos caóticos? Ou o contraste dos sonhos deles, são a ordem e a fronteira bem definida da nossa vida? Nesse caso, seremos nós o sonho de um louco?

Sunday, March 12, 2006

Notas Soltas

Agora que tenho o cartão da biblioteca, não me faltam livros para ler aqui em casa... E o mais irónico é que de todos, apetece-me ler a minha trilogia preferida "O s Mundos Paralelos" de novo. Se existem livros que nos criam uma atmosfera diferente, este é um deles. Na altura em que li pela primeira vez, estava eu no terceiro livro nos derradeiros capitulos, quando uma amiga me enviou pela net uma música, bastante comum na altura. Como estava absorvida pela leitura a música foi tocando, tocando... e eu sempre a acompanhar o fim incrivel daquela trilogia. Hoje em dia, a música entrosou-se de tal modo na história do livro que ouvi-la é transportar-me automaticamente para aquele sentimento. Prova de que a atmosfera criada pela arte, se atinge de diferentes formas...

Saturday, March 04, 2006

Nostalgia

Perdoa a minha
Nostalgia.
Não me reservo para
a Lua Negra.

Mas como anseio pelo
Grito da borboleta,
os dias mudos
filtram a cor do
Mundo.

Lúcia 04/03/06

Thursday, March 02, 2006

À descoberta

O trabalho a sério não tarda aí... Nos últimos tempos tenho andado mais a pé, se bem que o risco de perder-me é sempre constante. Confesso que já estava um pouco farta do tempo de Inverno, ás vezes tão limitador. Gosto sempre de planear o que fazer quando os dias ficaram mais solarentos, ainda que na maior parte dos casos acabe por não fazer nada.
E também nos últimos dias tenho confirmado que tal como os caminhos, as pessoas valem a pena serem descobertas...

Monday, February 20, 2006

Céu de Baunilha

A noite de sábado veio apanhar-me, mais uma vez, com insónias. Acabei por ter sorte, porque na televisão estava a dar o filme "Vanilla sky". Já tinha ouvido falar do filme, mas como não tenho em grande conta o Tom Cruise, a curiosidade de o ver não era muita. No entanto a surpresa foi enorme. Gostei muito filme, fiquei presa no sofá até ao último minuto, achei a história muito criativa, original e bem contada. Tem um toque de suspense e incita-nos a uma breve reflexão. É exactamente o tipo de filmes que me atraiem, parece que têm a capacidade de mudar o nosso humor, mostrar-nos caminhos ilimitados.
E se alguém me tivesse dito que o céu de baunilha que dá nome ao filme é o céu dum quadro de Monet, certamente que já o tinha visto há mais tempo...

Saturday, February 18, 2006

Reflexão do dia

Chuva e Sol, nuvens brancas como algodão, outras pretas ameaçadoras. Parece existir pouca firmeza na meteorologia hoje, como se a Natureza estivesse confusa.
Certos momentos encontram-nos num dia de aguaceiros, e damos por nos confusos, hesitantes.
Quando estamos feridos , quando nos desiludimos, também o nevoeiro fica mais espesso. (Abraçamos-nos ao nevoeiro, e deixamos que a sua humidade nos molhe a alma? Ou lutamos conta a nossa vontade de nunca mais enxergar de modo transparente? )

Tuesday, February 14, 2006

Dia dos Namorados

Porque o Amor é uma arte:

"Saberás que não te amo e que te amo
pois que de dois modos é a vida,
a palavra é uma asa do silêncio,
o fogo tem a sua metade de frio.

Amo-te para começar a amar-te,
para recomeçar o infinito
e para não deixar de amar-te nunca:
por isso não te amo ainda.

Amo-te e não te amo como se tivesse
nas minhas mãos a chave da felicidade
e um incerto destino infeliz.

O meu amor tem duas vidas para amar-te.
Por isso te amo quando não te amo
e por isso te amo quando te amo."

Pablo Neruda

Monday, February 13, 2006

Curtas Férias

Escrevo este post hoje, somente para dar voz à minha indignação quanto ao número de dias destinados às férias entre semestres. Parece quase impossível quando penso nisso, mas para a semana as aulas recomeçam, e com elas a vida atarefada que não deixa espaço algum. Acaba por parecer que o tempo ainda é mais curto do que é na realidade agora que penso na quantidade de segundos de que disponho para conseguir relaxar e aproveitar estes dias. As férias acabam por parecer duplamente curtas. Onde estão as manhãs molengonas, as horas pesadas que nos prendem à cama de manha? O cheiro a torradas, a breve sensação de não ter nada para fazer?
Onde está o Sol, os passeios de bicicleta, os livros que não lemos durante todo o resto do tempo? Onde está a essência das férias?
As férias precisam de ser longas o bastante para nos criar uma atmosfera diferente, que nos torne invisiveis.
Estas férias são, definitivamente curtas.

Saturday, February 04, 2006

Filmes

Hoje, passei a tarde a ver filmes. De manhã levantei-me incrivelmente cedo para fazer um exame, cuja nota muito provavelmente nao vai ser melhorada.Para além de ter adormecido, não sabia onde era a sala, pelo que se pode ver as coisas correram bem logo desde cedo...
Depois de almoço, sentia-me tão inerte que me enrosquei numa manta e revi o fantástico "Nightmare before Christmas" e a sua banda sonora deliciosa. Logo de seguida, ( e porque estava mesmo bem com a manta...) vi " Identidade Misteriosa" um filme de suspense que tinha visto no cinema e que na altura me tinha intrigado bastante. Quando desliguei o DVD ainda fui a tempo de ver o fim de Braveheart , a história do meu heroi William Wallace ( ainda que o Mel Gibson não me agrade particularmente). Pena que tenha visto apenas do filme aquela parte em a sua confiança na liberdade é traída friamente pelos nobres escocesses, vendidos por meia dúzias de terras... Por mais que veja, por mais que conheça a história... nunca me conformo com o fim.

Thursday, February 02, 2006

Onde está o coelho?

Ás vezes, enquanto Alice, sinto-me perdida. Olho para o espelho e a casa do outro lado é tão parecida com esta... Procuro o coelho ... e não o encontro em lado nenhum, nem faço ideia de onde esteja. E assim vou caminhando sem destino.
Depois, parece que fico mais pequena, as flores tornam-se gigantescas, as lagartas que encontro só me dão pistas vagas, confusas. Sem decifrá-las continuou à deriva, cruzo-me com Chapeleiros que me falam de coisas loucas que eu não percebo. Em dias de muito azar, o humpty Dumpty ameça cair do muro e interroga-me constantemente sobre coisas óbvias ( serão mesmo?).
Mas eis que de repente o coelho surge, é só uma pinta branca lá ao fundo. O suficiente para me decidir logo a persegui-lo, e fazer desaparecer toda aquela névoa de imprecisão.

Wednesday, February 01, 2006

Prefácio

Este poema era o prefácio de um livro que li quando era mais nova. Ainda hoje continua a ser o meu preferido de Eugénio de Andrade.

A tua vida é uma história triste
A minha é igual à tua
Presas as mãos e preso o coração
Enchemos de sombras a mesma rua.

A nossa casa é onde a neve aquece
A nossa festa onde o luar acaba
Cada verso em nós próprios apodrece
Cada jardim nos fecha a sua entrada.

Eugénio de Andrade

Sunday, January 29, 2006

"Batem leve, levemente..."

"como quem chama por mim... será chuva? será gente?" ... e eis que era Neve!
Flocos de neve a esvoaçarem pelo meu quarto! Não resisti e fui dar uma volta ao jardim. Parecia que tinha entrado directamente no cenário do "Cavaleiro da Dinamarca": as árvores brancas e a luminosidade por entre os ramos, tão espectral...
Quantas vezes desejei eu ver este espectáculo, quando era pequena... Inesperadamente hoje, nevou na minha janela. Há coisas pelas quais vale a pena esperar...

Friday, January 27, 2006

Wednesday, January 25, 2006

Poema

Ás vezes apetece-me telefonar-te
e dizer que gosto de ti.
(Ainda que não saiba se o céu
é azul
ou se as flores renascem...)
Ás vezes apetece-me ser fugaz,
concentrar o Universo num
gesto.
Mas isso é quando me sinto
maior do que a Terra
Infinitamente próxima do
buraco negro
que me suga a luz.

Amanha a sombra dos prédios
vai cobrir-me a face
e entalar-me mais uma vez
na pequenez do horizonte.
O sabor amargo do café pela
manha
vai cobrir-me do ridíulo
que seria telefonar-te
( e a vontade que tinha
de fazê-lo fica a gravitar o
buraco negro)

Lúcia 24/01/06

Friday, January 20, 2006

A descoberta do cabelo branco

No outro dia, estava eu a estudar no IST, quando fiz uma pausa, e no espelho da casa de banho vi um cabelo branco, na imensidão escura do meu cabelo.
Por incrível que pareça, demorei a assimilar o facto, pensei que teria o cabelo sujo ou algo agarrado. Depois fiquei abismada. Não que isso tenha grande importância física para mim, mas os cabelos brancos fazem-nos ver, de certa forma que somos efémeros e que o sonho, um dia acaba.( Não é que não saiba disso, mas insurgiu-me uma urgência sem limites de fazer tudo e de ser tudo...)

Sunday, January 15, 2006

Ano Novo

Já passaram 15 dias desde que o Ano Novo começou.Longe vai o tempo em que na passagem do ano pensavamos no que gostariamos que fosse diferente.. em que fazimos os célebres desejos. (lembro-me de ser pequena e fazer a minha lista).
O ano começou realisticamente com os exames à porta.Sempre pouco tempo para fazer seja o que for.Gostava de ter bonitas frases sonhadores para aqui escrever, mas o ano começou assim, sem muita imaginação.

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