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Saturday, October 28, 2006

Elegia

Nem os dias longos me separam da tua imagem.
Abro-a no espelho de um céu monótono, ou
deixo que a tarde a prolongue no tédio dos
horizontes. O perfil cinzento da montanha,
para norte, e a linha azul do mar, a sul,
dão-lhe a moldura cujo centro se esvazia
quando, ao dizer o teu nome, a realidade do
som apaga a ilusão de um rosto. Então, desejo
o silêncio para que dele possas renascer,
sombra, e dessa presença possa abstrair a
tua memória.

Nuno Júdice

Monday, October 23, 2006

Buraco Negro

E se de repente conseguisse atravessar o buraco negro? E se de repente conseguisse entrar num outro Mundo, um daqueles que é paralelo ao nosso?

E se de repente esse Mundo, um dos muitos, fosse exactamente igual ao nosso?

Queremos o que está longe ( tão longe quanto a velocidade da luz nos leva) porque cremos que o que está longe é diferente do que está perto. E se não for?

Sunday, October 15, 2006

Mudança

O equinócio não se sentiu exactamente no dia 23 de setembro quando o Verão acabou. Foi na sexta, quando o vento agreste me sacudiu a pele e me fez sentir desconfortavel no meu casaco aparentemente tão frágil, que soube sem dúvida que o Outono chegou. É assim que se passam as coisas. Ainda que elas aconteçam devagar, é o momento em que as percebemos que conta. E isso faz-me sentir uma pessoa pragmática, como se a minha vida mudasse assim de repente, como se um dia estivesse no Verão, e no outro no Outono, e como se isso fizesse toda a diferença...

Tuesday, October 10, 2006

Há dias assim

Ha dias assim. Confusos, cinzentos, pessimistas. Dias em que só vemos os nossos medos e só cheiramos o negro do que nos sufoca o coração.
Há dias em que percebemos claramente que deviamos ir embora, conhecer o Mundo para adquirir experiência, para não sermos assim tão susceptíveis. Mas depois, claramente percebemos que a isso se chama fugir. E tudo se torna confuso novamente.
Há dias assim, em que deviamos morrer por cinco minutos. Sentir a dor extrema, fulminante... depois já nada podia ser pior que isso, e já estariamos preparados para voltar a viver.

Saturday, October 07, 2006

A Rosa

"-Foi o tempo que perdeste com a tua rosa que tornou a tua rosa tão importante. (...)
- Os homens já se esqueceram desta verdade - disse a raposa. - Mas tu não te deves equecer dela. Ficas responsável para todo o sempre por aquilo que está preso a ti. Tu és responsável pela tua rosa...
- Sou responsável pela minha rosa ... - repetiu o principezinho, para nunca mais se esquecer."

O Principezinho - Saint-Exupéry

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