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Sunday, November 26, 2006
Saturday, November 18, 2006
Sunday, November 12, 2006
Uma andorinha não faz o Verão
A andorinha viajou léguas para chegar à praia. Era uma, entre tantas outras manchas negras que bicavam o horizonte.
E no entanto trazia consigo o calor da tua voz. E nas asas abertas à liberdade sentia a profundidade dos teus olhos fundos.
Não haveria modo de a distinguir das outras. Mas distinguia-se.
Uma andorinha não faz o Verão, a menos que seja, ela própria o Verão.
E no entanto trazia consigo o calor da tua voz. E nas asas abertas à liberdade sentia a profundidade dos teus olhos fundos.
Não haveria modo de a distinguir das outras. Mas distinguia-se.
Uma andorinha não faz o Verão, a menos que seja, ela própria o Verão.
Saturday, November 11, 2006
Vaidade
"O peixe encheu-me de vaidade com os seus elogios. Olhei tanto para mim que me esqueci de tudo. Dá-me outras vez as minhas asas. Eu quero voltar a ser como dantes. "
A fada Oriana - Sophia de Mello Breyner Andresen
Quando era mais nova e lia esta história condenava Oriana por se ter afastado dos que precisavam dela. Achava quase ridículo ela ter-se envaidecido com os elogios de um peixe que a fizera ver-se no espelho da água do rio. Era tão pouco o que o peixe lhe dava. Era tanto o que ela tinha.
Mas hoje, compreendo a moral da história como se a lesse pela primeira vez. É como se pudessemos experimentar a posição de Oriana de vez em quando. E então, deixamos o lenhador e o moleiro porque nos descobrimos, porque vemos que para além deles também existimos, também temos uma imagem que se reflecte no rio. E é uma descoberta incrivel. Depois deixamos o Poeta que costumamos encantar, porque descobrimos um encanto maior, porque sabemos agora que a vida está para além da nossa floresta e que não podemos encantar quando não estamos encantados. E por ultimo deixamos a Velha que depende de nós, porque nos habituamos aos elogios de um peixe maldoso, mas que ao reparar em nós nos mostra um Mundo desconhecido: nós próprios. E é quando deixamos a Velha que depende de nós , que essa descoberta se torna em vaidade, num narcisismo extremo que nos encandeia quando olhamos o rio. Oriana foi castigada e nos sê-lo-emos ao agir assim.
A diferença é que hoje compreendo-a.
A fada Oriana - Sophia de Mello Breyner Andresen
Quando era mais nova e lia esta história condenava Oriana por se ter afastado dos que precisavam dela. Achava quase ridículo ela ter-se envaidecido com os elogios de um peixe que a fizera ver-se no espelho da água do rio. Era tão pouco o que o peixe lhe dava. Era tanto o que ela tinha.
Mas hoje, compreendo a moral da história como se a lesse pela primeira vez. É como se pudessemos experimentar a posição de Oriana de vez em quando. E então, deixamos o lenhador e o moleiro porque nos descobrimos, porque vemos que para além deles também existimos, também temos uma imagem que se reflecte no rio. E é uma descoberta incrivel. Depois deixamos o Poeta que costumamos encantar, porque descobrimos um encanto maior, porque sabemos agora que a vida está para além da nossa floresta e que não podemos encantar quando não estamos encantados. E por ultimo deixamos a Velha que depende de nós, porque nos habituamos aos elogios de um peixe maldoso, mas que ao reparar em nós nos mostra um Mundo desconhecido: nós próprios. E é quando deixamos a Velha que depende de nós , que essa descoberta se torna em vaidade, num narcisismo extremo que nos encandeia quando olhamos o rio. Oriana foi castigada e nos sê-lo-emos ao agir assim.
A diferença é que hoje compreendo-a.
Monday, November 06, 2006
Alentejo
Ás vezes a janela abre-se. Não sei porquê. Talvez fosse a Lua na planície, talvez o meu espirito que naquele momento estava solto. Talvez fosse tudo isso ou apenas a minha vontade de ver a janela aberta, de a identificar na árvore que recorta os mares da Lua.
Foi inevitável pensar nos “Mundos Paralelos”. A descrição do outro mundo, a calma e a doçura daquele cenário, que fisicamente poderia estar aqui na nossa vida, mas que é apenas uma realidade utópica que não agarro.
E assim o Alentejo conquistou-me finalmente, ao fim da tarde. Com uma janela aberta e uma Lua do outro Mundo.
Foi inevitável pensar nos “Mundos Paralelos”. A descrição do outro mundo, a calma e a doçura daquele cenário, que fisicamente poderia estar aqui na nossa vida, mas que é apenas uma realidade utópica que não agarro.
E assim o Alentejo conquistou-me finalmente, ao fim da tarde. Com uma janela aberta e uma Lua do outro Mundo.
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