De tarde, no campo, nenhum pássaro cantou;
e só neste fim de dia um vento traz o assobio
da primavera melancólica: despedidas,
imagens breves, nenhuma inspiração. O sopro nocturno,
porém, anuncia um reflexo de espelho no fundo
do corredor. A voz surge de um dos quarto
sem que a ausência se perde. Um baço
murmúrio se aproxima do gemido que evoca
o mar - sem que a onda se decida, quebrando
o som agonizante. Então, abro a porta
e chamo-te; sabendo que só a noite me responderá.
Nuno Júdice - Poesia Reunida 1967 - 2000
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Sunday, September 23, 2007
Saturday, September 15, 2007
Pensamentos
A noite de sexta-feira encontrou-me num espirito melancólico. Não sei porque é que somos tão cíclicos, que poder tem “o passar um ano”. O tempo anda inequivocamente para a frente numa linha recta que nem na matemática mais avançada é curva. Mas nós gostamos dos movimentos de translação. Gostamos de pensar que o tempo é de certa forma o mesmo sempre que a Terra passa pelo mesmo sítio.
Apanhei um eléctrico e com ele o vento de Lisboa e o cheiro do Rio. O movimento lento e compassado permitia-me apreciar suficientemente a paisagem para perceber que há momentos assim: estamos em total desacordo com o Mundo que nos rodeia. Até a paisagem linda, a simpatia do motorista, os estrangeiros que nos fazem perguntas. Tudo está no sitio errado. E no entanto está correcto. E percebemos que não podemos estar em fase com o Mundo. Ainda que o Mundo nos dê o melhor que tem. E na noite de sexta-feira, o Mundo esmerou-se. Depois daquela viagem fugidia a horas despropositadas no eléctrico, enchi os meus sentidos com o Tejo e com a pedra do Mosteiro. Um cemitério de sentimentos. De silêncio. Uma humidade de perguntas que ali deixam de ter sentido, porque não há fala. Há apenas olhos, e o coração. E o céu por cima da pedra, é um lago negro, onde moram monstros.
Apanhei um eléctrico e com ele o vento de Lisboa e o cheiro do Rio. O movimento lento e compassado permitia-me apreciar suficientemente a paisagem para perceber que há momentos assim: estamos em total desacordo com o Mundo que nos rodeia. Até a paisagem linda, a simpatia do motorista, os estrangeiros que nos fazem perguntas. Tudo está no sitio errado. E no entanto está correcto. E percebemos que não podemos estar em fase com o Mundo. Ainda que o Mundo nos dê o melhor que tem. E na noite de sexta-feira, o Mundo esmerou-se. Depois daquela viagem fugidia a horas despropositadas no eléctrico, enchi os meus sentidos com o Tejo e com a pedra do Mosteiro. Um cemitério de sentimentos. De silêncio. Uma humidade de perguntas que ali deixam de ter sentido, porque não há fala. Há apenas olhos, e o coração. E o céu por cima da pedra, é um lago negro, onde moram monstros.
Tuesday, September 11, 2007
Sunday, September 02, 2007
Trabalhando até tarde...
"Eu não quero ser
A luz que já não sou
Não quero ser primeiro
Sou o tempo que acabou
Eu não quero ser
As lágrimas que vez
Não quero ser primeiro
Sou um barco nas marés"
Pedro Abrunhosa
A luz que já não sou
Não quero ser primeiro
Sou o tempo que acabou
Eu não quero ser
As lágrimas que vez
Não quero ser primeiro
Sou um barco nas marés"
Pedro Abrunhosa
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