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Thursday, September 24, 2009

1 Sentido

Maravilhoso o Mundo do olfacto.

Sempre achei que era capaz de sobreviver sendo cega, mas que morreria se fosse surda. E é absolutamente verdade. Há sentidos que nos são mais necessários do que outros.
O olfacto sempre se manteve no grupo dos sentidos de luxo. Tê-lo não é essencial, mas perdê-lo é diminuir drasticamente a qualidade da paisagem que os olhos vêem ou que os ouvidos ouvem.
É uma espécie de factor X inebriante que desperta os sentidos, estimula a memória e deixa solta a imaginação. A subtileza do olfacto está neste poder oculto, do qual raramente temos noção.
O certo é que quando sinto o cheiro dos sítios que mais gosto (de onde tenho melhores recordações ou de onde sou mais feliz), é como se estivesse em total harmonia com as vibrações dos átomos. E esse encanto é tão feliz, que talvez bastasse este sentido para criar todos os outros.

Monday, September 14, 2009

Carta de Amor Inversa III - Pablo Neruda inverso

Páginas breves que o tempo escreve. E o orvalho cai no pasto como essa consciência na minha noite estrelada. E ele não está comigo.
E isso é tudo. Dantes não era nada, eram apenas noites imensas. Como os seus olhos. O vento gira e canta. Agora ele não está comigo. E a noite é imensa, mais imensa sem ele.
Tão curto o meu amor. Tão longo o tempo inútil que tive. Nós os dois, os de agora, já não somos os mesmos.
É tarde de mais talvez. Ou é justamente a hora certa para o tempo errado. Importa lá que o meu amor não possa guardá-lo. A noite está estrelada e ele não está comigo.
Ainda não o amo, é verdade. Mas talvez já o amasse antes. O vento gira e canta. E ele nao está comigo.
(Terá sido de outra?Como antes dos meus futuros beijos?)
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.Posso, mas prefiro escrever os mais alegres.

Alice - adaptado de "Posso escrever os versos mais tristes esta noite" de Pablo Neruda

Friday, September 11, 2009

Revolta do dia (desabafo)

Se eu fosse mais burra ninguém opinaria sobre a minha vida porque não haveria opções para discutir. Os burros não têm opções: fazem o que podem.

Se eu fosse mais burra ninguém me teria dito que o único futuro era a Universidade. Teria sido livre de escolher o que queria, quanto mais não fosse porque não tinha muitas escolhas.

Se eu fosse mais burra as pessoas veriam em mim uma pessoa burra, mas ainda assim uma pessoa.

Se eu fosse mais burra teria direito a expressar as emoções e os sentimentos, a ser descontrolada e louca, porque é normal os burros não terem noção das coisas.

Se eu fosse mais burra podia mudar de ideias, fazer disparates e arruinar a minha vida. Porque a vida dos burros não vale muito e eles de pouco servem.

Se eu fosse mais burra podia vestir as roupas excêntricas que quisesse, porque eu não era importante e ninguém quereria sequer olhar para mim.

Se eu fosse mais burra, cada vez que decido viver a vida ninguém me diria “ Que desperdício, é uma pena!” e não seria tão difícil cortar os tentáculos que me agarram.

Se eu fosse mais burra nunca teria estado sempre nos sítios errados. Podia sentar-me no fundo da aula, nunca estudar para os exames e faltar às aulas, sem isso ser considerado uma agressão às minhas capacidades.

Se eu fosse mais burra nunca teria conhecido tantas pessoas erradas. Porque eu não traria vantagens a ninguém e só estaria comigo quem gosta de mim.

Se eu fosse mais burra não teria de ouvir constantemente que a pessoa de quem gosto não está no mesmo nível de inteligência que eu.

Se eu fosse mais burra, não existiram amores proibidos. Qualquer pessoa era melhor do que eu e não o contrário.
Alice 09-09-09

Wednesday, September 09, 2009

Nunca mais

Chora, grita, revolta-te.
Ignora, despreza. Odeia. Ama.
Continua a tua mísera vida. Ou a tua alegre vida.
Tanto faz qual é a tua opção. Ele não volta. Tu não voltas. Acabou. E nunca mais é a expressão da tua lápide.


Alice

Tuesday, September 08, 2009

Há coisas erradas

Há coisas erradas.
Eu quero largar este mundo. Quero ser livre. Correr riscos. Enfrentar perigos. Lutar por mim.
Eventualmente um dia posso voltar e lutar pelo mundo que tenho agora. Posso até vir a gostar dele. Ou precisá-lo, verdadeiramente.
Deixa-me voar. Deixa-me partir. E ir em busca do que, porventura me fará voltar.
Caso contrário, nunca voltarei (mesmo estando aqui, todos os dias).

Alice

Sunday, September 06, 2009

Inveja

Sabes que te invejo. Sabes que sim, que é isso.
Também quero essa paixão. Esses olhos cegos de tudo.
Quero rodopiar parada e não saber para que lado a bússola me leva. Quero ir com o vento que me leva até ele.
Quero perder a cabeça. Sentir o sangue gelar-me. Esquecer as palavras certas. Esquecer as palavras erradas.
Estar triste. Sentir o mundo acabar.
E recomeçar. Ver o sol mais bonito. As flores únicas e cheirosas. A cidade a espreguiçar-se de amnhã com uma sonolência morna de quem adormece feliz.
Quero sentir-me única e estática do alto do rochedo que observa o mundo em continuo movimento. E estar em total desacordo com essa infelicidade monótona.
É inveja. Sim.
E é essa inveja que me impede de ser medianamente feliz.

Thursday, September 03, 2009

Carta de Amor Inversa II

Não devia. E provavelmente terá um curto espaço de vida até amanhã. Existirá depois talvez, mas já num Universo paralelo desviado.
Agora, neste agora, é real. Os teus olhos errados. O teu interesse errado. A minha vontade errada que erres.
Porque é tudo um erro e sei que nunca sobreviverias para além de amanhã. És o próprio motivo pelo qual nunca seguirás no Universo real. E isso dá-te um encanto inverso, errado de tão inverso. Atraente de tão inverso.

Wednesday, September 02, 2009

Pensamento do dia

São dois mundos que não se tocam. Não interagem. Não se completam.
Existem apenas para extremar sentimentos. Para permitir o ódio e o amor.
Um deles existe permanentemente para se poder amar mais e ainda mais e cada vez mais o outro. É a sua única função.

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