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Wednesday, October 28, 2009

Amor

Oh. Deixa a tua rosa. Larga-a, não olhes para ela. Não a catives. Não a ames.
Vá lá, não a ames. Vais deixar de amar-te.
Vais deixar de ser tu se não partires, se não vires os planetas que te esperam. Se não cativares a raposa, se não ouvires o bêbado. Vais deixar de ser tu se não entenderes toda essa tua viagem. Se não entenderes que afinal a amas.
Vais deixar-te se ficares com ela. Larga-a. Não cedas.
Vais poder pensar nela na tua viagem. Vais poder arrepender-te na tua viagem.
Mas faz a viagem.
Se não, não serás tu a amá-la. Será outro. Porque serás outro.

Alice

Friday, October 23, 2009

Sonha

Sonha com o dia perfeito. O emprego perfeito. A pessoa perfeita que gostavas de ser.
Sonha. Sem limites.
Com o que te faria feliz. Completamente. Estavelmente feliz.
Sonha com o amor perfeito, o momento perfeito, a rosa perfeita.
Sem limites.

Agora que sabes o que queres.
Só te resta lutar.

Thursday, October 22, 2009

Carta Explicativa

Pensei várias vezes em suicidar-me.
Em destacar-me deste Mundo e calar uma dor que doía a toda a hora, em todo o lugar e em todo o corpo.
Pensei várias vezes em hipóteses alternativas. A vida não é mais do que isso, hipóteses constantes e alternativas à morte. E a verdade é que nunca quis morrer (“Eu não queria morrer, só queria que os outros não existissem”).
Só não queria estar dentro desta prisão minúscula. Não respirar a cada golfada de ar consciente. E não, nunca existiam alternativas, porque todas as alternativas me conduziam de uma prisão para outra. Num labirinto infinito.
Muitas vezes acalentei o desejo de não voltar a acordar. Por vezes, os breves instantes em que os meus olhos se abriam eram os únicos de paz. E eu ansiava a paz, nunca desejei tanto alguma coisa como a paz e a tranquilidade de uma morte serena.
Mas eu nunca quis morrer. Sempre acreditei que era possível sair desta prisão, ainda que muitas vezes não acreditasse.
A minha tenacidade suportou essa dor constante, que doía na alma de manhã à noite. E que cobria tudo o que eu via. A minha tenacidade suportou o não-futuro. Suportou a incerteza.
Porque eu nunca quis morrer. Eu só quero é poder viver. E por isso, pensei várias vezes em suicidar-me.
Alice

Tuesday, October 20, 2009

Weird

Era um Verão doce, em tons de rosa pastel. Uma tarde a cair de mansinho num Verão morno.
O tempo passava de forma líquida e estática: nada mudava e eu continuava atrasada. Alguém me marcara um encontro com a vida, mas esquecera-se de dizer a hora e o local. E eu adiava inconscientemente esse rasgar fino do coração. Esse quebrar de sonho e de nostalgia vã de quem crê demais, num nevoeiro instável. Talvez não existisse encontro. Talvez a vida fosse isso, este eterno atraso. Esta permanente ausência de presente. Uma inconstância de momentos desconexos que nunca me fariam sentido.
Sentei-me à janela. Como sempre. E o Verão era doce.
A janela sempre me garantiu esta inconsciência. O vento sempre me trouxe pedaços de ti.
A vida não era isto. Seria demasiado estranho.

Alice

Weird - Hanson

Sunday, October 18, 2009

Pensamento do dia

Podem dividir-se as pessoas da seguinte forma: as pessoas que andam na montanha russa e as que observam a montanha russa.
Mas só as que andam na montanha russa vivem.
Alice

Thursday, October 08, 2009

Kiss me

Esse amor lembra-me um dia de Primavera.
Nuvens brancas passageiras, pintalgadas num azul profundo. O vento fresco a encher as camisolas.
Os braços abertos para o mar infinito.
Lembra-me o amor infinito. Aquele que só se consegue ver até amanhã.



Alice
(David Fonseca - Kiss me, oh kiss me)

Tuesday, October 06, 2009

Back in Time I - Pele

Gostava de tomar banho e limpar da pele esta vergonha com que me vestiste. Esta vergonha de pele.
Essa luz expõe-me. Tapo-me com toda a roupa para não ser eu. Tapo-me com toda a roupa para que ele não veja a minha pele.
E ainda assim sinto-a a pulsar debaixo dos casacos. Sinto-a ferver-me nas palavras que lhe digo. A gelar-me o coração de tentáculos.
Prefiro deitar-me. Fechar a luz. Fechar todas as luzes do Mundo. Prefiro que ele não me veja. Prefiro que ninguém me veja. Prefiro não existir a ser a pessoa que tu inventaste.
Ah, como eu gostava que ele pudesse conhecer-me antes desta pele horrível me sufocar. Poder saber como sou eu sem esta vergonha contínua.
Sorriso sarcástico.
Foi essa pessoa que te deixou vestir-me essa pele. A verdadeira vergonha é essa.


Alice

Monday, October 05, 2009

Last kiss

A vida é esta felicidade monótona e quente do sol filtrado entre os ramos das árvores sem folhas.
Uma tarde sozinha no muro do tempo.
A felicidade é esta vida monótona e quente do sol filtrado entre os ramos das árvores sem folhas.
Uma tarde sozinha.
Que sabia que este seria o último beijo.


Pearl Jam- Last kiss

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