Translate

Thursday, September 25, 2014

Amigos de Facebook

Encontros breves, palavras ligeiras. Rimos e brincamos quando eramos pequenos, quando a vida era fácil. Quando não havia opiniões de política, desporto ou economia. A vida era assim: “queres jogar à bola? então tudo bem”, nunca mais do que isso. Depois, vieram as guerras da adolescência, os amigos a sério e os inimigos ainda mais a sério. Não era a política que nos separava, mas o instinto primário. Largados ao acaso, agrupavamo-nos por gostos musicais, por aparência e beleza ou ausência dela. Uns desprezavam-me porque não era popular outros sentiam-se irredialvemente atraídos pela mesma razão. Até que um dia, crescemos definitivamente e olhámos uns para os outros com olhos de adultos. E agora parece ser tão fácil ver que cada um de nós se tornaria exactamente no que se tornou. Agora que entendemos as coisas de outra forma, secalhar julgamos de maneira diferente. Olhar para trás agora pode ser nostálgico. Parece que de repente as inimizades nasceram apenas na imaturidade dum contexto infeliz. Mas não te deixes enganar. Se adicionares os teus velhos “amigos” desses tempos no Facebook, vais ver dentro de uns meses, que eles e tu não mudaram nada. Que a política e o desporto e economia continuam a não contar para nada. E apenas com teu instinto primário acabas por apagar quem não interessa. Fisica ou virtualmente é tudo parte da mesma coisa.   

Monday, September 01, 2014

Pensamento

A tua ausência enche-me, mata-me devagar como a uma fome de excessos. Podia eu seres tu, talvez já tenha sido tu, depois de tudo. Agora sou uma cama vazia, enchida de corpos que não vejo, que caminha à deriva. Deixei o Kansas para nenhum destino.

Cave of swimmers

Saí pela boca profunda do metro e desemboquei num pequeno cais lateral onde a água batia na pedra, um pequeno muro se estreitava entre mim e aquele mar. Por cima e pelos lados corriam outras linhas de caminho-de-ferro e auto estradas, viadutos e pontes que ligavam aqueles pedaços de terra por entre a água que nos cercava de todos os lados.  
Deixara-os no restaurante e saíra naquela hora em que ninguem está na rua. Quando subi as escadas sujas e me deparei com aquela água a baloiçar como uma criança pronta a adormecer, parei. Subitamente, parei. A cadência daquele mar, as cores de poente pintalgadas naquele relevo de ondas hipnotizou-me e fui-me aproximando até lhe sentir o cheiro na pele.
De repente, tudo fez sentido, que é o mesmo que dizer que tudo ficou pequeno. O caís elevou-se e eu cresci sobre aquela ilha, afastando-me gradualmente de todos os restaurantes do mundo. E lá de cima tudo o que se contemplava era aquela água azul escura, ondulando para mim. Pisquei os olhos devagar, filtrei a luz e em cada poro a vida brotou cheia de intencionalidade.

Depois, nada mais importa. 

Popular Posts