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Friday, April 15, 2016

Alfa Centauro

Muitas vezes tenho eu andado para trás e para frente durante a noite, corpo estático claro está, sem mexer um músculo dentro da cama. E tal como eu, também tu ias e vinhas. A maior parte das vezes ias de tal forma que achava que já não voltavas. Era definitivo e o meu coração retraia-se que é como quem diz preparava-se para a dor, a que viria – eu bem sabia – não há nada pior do que a saudade que nos fica colada às mãos. Mas tu acabaste sempre por voltar. Contra todas as minhas expectativas desfeiteaste sempre o futuro e a indecisão, abriste a porta que eu fechei à chave, sopraste-me o último fôlego. E assim foi passando o tempo; passou demasiado tempo e eu habituei-me a que todas as vezes fossem a última nesta espécie de ciclo infinito. Passou tanto tempo que já nem eu sabia como era a vida antes disto tudo.

Mas ontem acordei a meio da noite e tu estavas quieto. Tateei a escuridão húmida e os meus dedos encontraram uma gigantesca ausência. Esse espaço de Nada é onde finalmente, vagueias agora.

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