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Wednesday, April 25, 2007

Tanto me faz...

Podias fazer-me um favor. Aplaca a minha dor, põe o volume dessa música mais alto. Já viste, há tantas estrelas no céu...
Não há nada que possas fazer. Mesmo que voltes, mesmo que digas que me amaste. Aumenta o volume dessa música. De resto, fica ou vai, tanto me faz...


Alice

Sunday, April 22, 2007

PARIS PARTE II - Claude Monet

Foi assim a entrada no museu de Orsay: podem dizer-te como é o paraíso mas se não o vires isso de nada te vale.
O sol quente de Paris, um pouco inexplicável, levou-me à entrada deste museu prometido. Lá dentro a sombra fresca levitou-me para outras épocas, para outros estados e dimensões do meu ser. É por isso que gosto de pintura.
Sabia que ia encontrar Monet. Mas isso de nada me valeu. Quando espreitei ao de leve e vi um dos meus quadros preferidos na sala em frente à que eu estava, senti um aperto no estômago, uma curta e breve indisposição. Não podia ser verdade.
Mas era. Uma sala inteira, branca, linda, cheia de quadros. Os meus olhos começaram a olhar para todos os lados, e de todos os lados vinham as pinceladas que eu tão bem conheço. De todos os lados me vinham as paisagens que conheço de cor. Que vejo se fechar os olhos. Olhava para todos os quadros e todos me eram familares, apetecia-me passar ali o resto do tempo.
Talvez algo sofregamente, atropelei as pessoas e fixei-me com cuidado nos meus preferidos expostos (a mulher com a sombrinha e os nenufares), uma alegria verdadeira de saber estar a olhar directamente para a cor que tantas vezes me dá cor. Senti uma profunda vontade de chorar. A beleza era tanta que quase magoava . E o que me desperta quando os vejo, foi muito mais intenso ali.
Sabia que ia ver Monet, mas isso realmente, de nada me valeu.

Monday, April 16, 2007

Aquela Música

O dia quente. A música na minha cabeça. O regresso a casa, a música. A noite quente, a janela aberta. A música. Aquela música. Sempre, como um preencimento. Sem ela, a o vazio é um infinito maior. A ausência como uma obcessão, queima-me cerebro. Cega-me a vista.

Como uma obcessão, amanhã posso já não pecisar dela. Mas hoje, é o meu fundo.

Sunday, April 15, 2007

PARIS PARTE I – Jim Morison

Uma semana em Paris. E o retorno a Lisboa.

A viagem para o cemitério de Pere Lachaise foi feita, o mais possível fora do metro. Faz-se de tudo para evitar aqueles túneis sombrios, os rostos tristes. Desde cedo que para mim, a visita a este local se tornara obrigatória. Mais do que saber se Paris é romântico ou se está inundado de luz, se tens lojas caras ou onde estão os famosos estilistas.
A entrada para o cemitério é pequena, e mesmo em frente ao metro. Isso foi a primeira coisa que me espantou quando lá cheguei: a proximidade entre mortos e vivos. Depois de comprar a planta para que me pudesse orientar, percorri finalmente, as ruas do cemitério alheias aos olhos dos visitantes. Aquelas ruas eram ruas calmas, sombrias, quase tenebrosas. E por isso mesmo convidavam a uma adrenalina extra , a um sentimento com dupla personalidade. Por todo o lado se amontoavam campas, de pedra. Imóveis. Fixas e duras. Altos e trabalhados jazigos onde repousavam famílias inteiras. Os nomes quase desapareciam naquela atmosfera escura, de ferro gasto. Por vezes as ruas não eram definidas. Pequenos lances de escadas levam-nos por uma pequena viagem entre as campas, uma aproximação quase tão proibida como excitante. Corvos isolados faziam-se ouvir no horizonte. As copas altas impediam a visão clara. Felizmente. Aquele cemitério com sol límpido perderia certamente todo o seu semblante.
Paralelamente à minha euforia, o jardim guardava os mortos. E que eram isso mesmo: apenas mortos. Nesse aspecto, o meu amor aquele cemitério era tão despropositado como a inquietude das pessoas que não gostam desta proximidade.
Jim Morrinson foi o último que visitei, depois de Oscar Wilde e Edith Piaf. Ficou estrategicamente para o fim, como um adiamento curto que se faz de uma coisa que se gosta. Estranhamente, o meu coração não parava de bater, numa ansiedade que eu própria estranhei. Ninguém mais do que eu sabe que ali só estão mortos. Disse que gostaria de voltar ao cemitério ao fim da tarde, quase noite. E repito. É nessa hora que os mortos se levantam das sepulturas? Pois bem, era mesmo isso que eu queria ver. Poder falar um pouco com o fantasma do Jim Morrinson... Dizer que durante uma noite inteira ouvi sem parar o “People are strange”. Agradecer-lhe por ter sido uma pessoa diferente, um louco. Que me fez ver que as convenções e as regras são para quem tem uma visão demasiado curta. Que me ensinou que na vida, a nossa única amiga é a música. Que me compreendeu, nas alturas e que fui estranha, em que fui diferentes dos outros, em que me via ao espelho vezes sem conta. Que me compreendeu, repito.

No cemitério de Pere Lachaise são estão mortos. Sim, é verdade. E é uma pena.

Wednesday, April 04, 2007

E do longe se faz perto...

Quand il est midi aux États -Unis, le soleil, tout le monde sait,se couche sur la France. Il suffirait de pouvoir aller en France en une minute pour assister au cocher du soleil. Malheureusement la France est bien trop éloignée.

Le Petit Prince

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