Entendo.
Há muitas parecenças entre Lisboa e Copenhaga. E uma delas é a diferença antagónica duma cidade latina que é nostálgica e duma cidade nórdica que é louca.
Mas há mais do que isso. Há um fio estreito que as une, como se fossem o mesmo caminho.
Assim, uma lembra a outra.
Ambas têm Mar azul à sua volta. Uma ponte que se perde no indefinido horizonte. Um vento agreste de maresia clara.
E ambas expelem sentimentos. Antagónicos, é certo. Lisboa é local de partida onde as caravelas sopram o vento da mudança e onde mora a função nostálgica da Torre de Belém em dizer adeus, numa continuidade que de tão ancestral já não magoa.
Copenhaga é local de chegada com o frenesim eléctrico do viajante e do cheiro dos Novos Mundos. Mas que só faz sentido, porque há uma sereia que espera. Que esperou desde sempre esse viajante e não outro.
E esse vento que parte de Belém (agora sei) chega a Copenhaga. É o seu caminho, desde sempre.
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Wednesday, April 29, 2009
Entendo
Sunday, April 26, 2009
Sala Vazia
Não vais voltar, pois não? A luz que ilumina este fim de tarde frio mostra que não. O palco continua montado. Mas tu não vens.
O tempo parou durante tanto tempo… E eu estive ali fiel, à espera que chegasses. Mas a sala há muito que está vazia. E o palco deixou de ser palco, para ser apenas um estrado velho de madeira, onde a luz incide ocasionalmente.
E afinal eu dormia na cadeira. E agora acordei de repente e já não está lá está ninguém. A sala está absolutamente vazia. Já não há memórias tuas. Já não existes.
Que saudades tenho do tempo em que esperava que chegasses. Tenho saudades dessa tristeza. Tenho saudades dessa desilusão permanente. Era a ausência dum vazio eterno.
Porque agora já não há nada. Nem tristeza. Nem desilusão. Nem saudade.
Só uma sala vazia.
O tempo parou durante tanto tempo… E eu estive ali fiel, à espera que chegasses. Mas a sala há muito que está vazia. E o palco deixou de ser palco, para ser apenas um estrado velho de madeira, onde a luz incide ocasionalmente.
E afinal eu dormia na cadeira. E agora acordei de repente e já não está lá está ninguém. A sala está absolutamente vazia. Já não há memórias tuas. Já não existes.
Que saudades tenho do tempo em que esperava que chegasses. Tenho saudades dessa tristeza. Tenho saudades dessa desilusão permanente. Era a ausência dum vazio eterno.
Porque agora já não há nada. Nem tristeza. Nem desilusão. Nem saudade.
Só uma sala vazia.
Alice
Friday, April 24, 2009
Tuesday, April 07, 2009
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