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Friday, January 29, 2010

Aniversário de Wonderland

Faz hoje 5 anos que nasceu Wonderland. Desde aí, tem sido o meu País das Maravilhas. Basta-me atravessar o espelho.
Aqui tudo é possível. Ou tudo é não impossível.
Aqui exploro os coelhos que persigo e as rainhas de copas que me perseguem. O Humpty Dumpty que me exaspera e a Lagarta que me confunde ( e me guia!).
Hoje deixo este post para os visitantes da minha Wonderland e as suas críticas.
Muito obrigada por de vez em quando procurarem a toca do coelho.

Thursday, January 21, 2010

"The evil uses very masks, but the most atrocious is the virtue"

A minha crónica é simples:
Eles não querem que eu morra. Eu não quero estar no Mundo dos Mortos onde eles vivem.
Eles são assim. Habituaram-se ao seu fardo de tempo e caminham curvados sobre uma linha recta. Eu sou só isso, mais um companheiro de viagem. Compraram-me o bilhete e agora não o posso devolver.
Eles impedem-me todos os dias que eu interrompa a viagem. Dizem-me que lá no fundo está um arco-íris lindo. Que eu vou gostar quando o encontrar. Todos encontram.
Não entendem que o arco-íris não compensa a caminhada. A dor continua de cada pegada que se crava em todos os meus músculos quando sou como eles e quando caminho como eles.
Mas eles só querem que eu continue. Como eles. Que veja o arco-íris. Como eles. Que goste. Como eles.
Por isso arrastam-me. Não querem a culpa da minha morte e no entanto matam-me todos os dias sem remorso nenhum.
Mas a minha morte é só minha. Deixem-me sozinha com ela.

Tuesday, January 19, 2010

A Rosa Azul

Eu não sou mais mórbida do que os outros. Penso na morte como penso na vida. Afinal uma é tão real quanto a outra.
Apenas te peço para adiares a minha morte enquanto puderes. Deita todas as minhas coisas fora. Queima as minhas lembranças. Destrói os meus lugares.
(Faz isso, ou deixa que outros façam. Não tem importância).
Não deixes é que eu morra. Deixa-me permanecer. Não admitas poder esquecer-me.

E não me enterres num cemitério destes no fim do Mundo. Se morrer aqui, por favor enterra-me ao pé do Mar.
Alice

Wednesday, January 13, 2010

Provérbio Dinamarquês

As viagens crescem na minha alma. Medram como as ervas daninhas.
Passei demasiado tempo à janela quando era pequena. Nunca me conseguiram convencer que o interior da casa era o mais interessante. E eu cresci com as estações do ano na cidade. As andorinhas e as nuvens. O cheiro permanente do desconhecido.
O vento.
Às vezes a mochila saía do armário. E eu sentava-me à janela com ela.
Primeiro foi o interior da casa que não me chegava. Depois foi o interior da escola. O interior da faculdade. O interior da cidade. Depois não me chegou o interior das pessoas.
E eu continuei à janela. Às vezes com a mochila. A maior parte das vezes sem ela.
Até que um dia a própria janela não me chegou. Não me contentava com o interior do infinito. Então peguei na mochila e sai da janela. Em busca do fim do mundo.
“ Vais morrer quando encontrares o Fim do Mundo.”

Não vou, não.
“Mais longe do que o fim do mundo está o fim do coração.“

Monday, January 11, 2010

Resignar é morrer

Fechara a gaveta do escritório onde se encontrava soterrada todos os dias.
Naquele dia particular, isso parecera-lhe menos grave. Reparou pela primeira vez que a janela do seu lado direito era ampla e que o silêncio dos prédios sossegados era envolvente.
Normalmente todas as janelas lhe eram pequenas. Todos os horizontes lhe eram curtos. E nesta fracção do dia em que a gaveta ainda estava aberta, sentia saudades do mar. Das madrugadas frescas e dos salpicos das ondas na cara enquanto o barco seguia veloz. O mar era confortável.
E no instante em que a gaveta estava aberta, ela arrependia-se de ter deixado o Mar. E a mão ficava ali indecisa, à espera que a infelicidade dela fosse mais forte. Mas a gaveta era fechada com o Mar lá dentro. E ela era soterrada.
Naquele dia isso não aconteceu. A mão não tremeu. E a lembrança do Mar não lhe doeu como de costume.
O Inverno estava no fim e ela estava cansada daquela tristeza extenuante. Preferia ver-te e abraçar-te ao fim do dia. Preferia passear no tempo que lhe restava. Preferia ver o Sol. Preferia ignorar as mágoas. Preferia amar.

E nesse dia não se sentiu soterrada no seu escritório sombrio.
E foi assim que morreu, soterrada na sua felicidade.

Monday, January 04, 2010

Devaneio do Dia

Hoje apetece-me sair daqui e entrar naquela loja. Apetece-me fazer tatuagens pelo corpo todo.
Marcar toda a minha pele. Deixar explícita a minha diferença.
Quero marcar todo o meu corpo com as marcas que me deixaram. Olhar ao espelho e sentir a repulsa.
Quero ser o resultado de mim própria. Quero ser isso mais do que qualquer outra coisa.

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