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Thursday, January 21, 2010

"The evil uses very masks, but the most atrocious is the virtue"

A minha crónica é simples:
Eles não querem que eu morra. Eu não quero estar no Mundo dos Mortos onde eles vivem.
Eles são assim. Habituaram-se ao seu fardo de tempo e caminham curvados sobre uma linha recta. Eu sou só isso, mais um companheiro de viagem. Compraram-me o bilhete e agora não o posso devolver.
Eles impedem-me todos os dias que eu interrompa a viagem. Dizem-me que lá no fundo está um arco-íris lindo. Que eu vou gostar quando o encontrar. Todos encontram.
Não entendem que o arco-íris não compensa a caminhada. A dor continua de cada pegada que se crava em todos os meus músculos quando sou como eles e quando caminho como eles.
Mas eles só querem que eu continue. Como eles. Que veja o arco-íris. Como eles. Que goste. Como eles.
Por isso arrastam-me. Não querem a culpa da minha morte e no entanto matam-me todos os dias sem remorso nenhum.
Mas a minha morte é só minha. Deixem-me sozinha com ela.

2 comments:

Polly said...

Está forte.
Há mil e uma razões para não interromper uma viagem (seja ela qual for). Deixa que a tua apareça naturalmente. Qualquer um tem o poder não chegar ao destino pretendido, não seguir caminho, mas o que deixamos para trás deve ser mais forte que a nossa vontade de parar.
No que precisares e se precisares, fala comigo. Não exites.

Alice in Wonderland said...

O ponto é exactamente esse, não se chegar ao destino pretendido pode ser já um destino.

Este texto surgiu numa discussão que tive com amigos sobre o suícidio e na qual me lembrei que a frase do titulo se adequava muito bem...

Obrigada pelo coment =)

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