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Thursday, February 28, 2008

Poema do Dia

A troca

Criam-se poços sem fundo
de palavras.
E a normalidade sua
as mãos, como um terror
nocturno de apego,
onde o mel se torna demasiado
doce.
E a troca irreversível surge com
aquela onda.
Onde ficam os olhos e o medo.
A alma.
Presos, na frequência baixa de
maresia.

Alice

Thursday, February 21, 2008

Espaço-Tempo

Ás vezes , especialmente à noite, gosto de pensar nas linhas de espaço-tempo de Einstein. Cada momento é unico num lugar do espaço ( em cada uma das 3 dimensões espaciais) e num tempo. Esse momneto representa uma intersecção destas linhas que povoam o nosso Universo. Na minha janela, à noite, é como se visse esta rede a quatro dimensões estendida, como um tapete sobre o qual eu caminho. ( Em cada momento que passa, há uma intersecção, e outra, e outra...) E tudo é relativo. Menos a velocidade da luz. ( A luz do meu quarto é de facto absoluta. A que anda no universo não sei...) É demasiado dificil perceber. Mas tudo faz sentido, quando nada do que se conhece se conhece verdadeiramente. Da mesma forma como a Alice faz sentido, no desenrolar de uma história onde se demostra que nada tem sentido.
A minha viagem ( que começa e acaba na janela) termina nos buracos negros. Esses seres gulosos que de tanto sorverem massa, conseguem atrair para si corpos à velocidade da luz. Se se entrar num buraco negro, nunca mais se sai... Nos buracos negros as linhas rompem-se e o tempo e o espaço trocam de papeis.
Não há nada mais vulneránel do que o nosso espaço e o nosso tempo...

Saturday, February 16, 2008

Dia dos namorados

Com um pouco de atraso, aqui fica a contribuição artística para este dia tão consumista.

O paraíso terrestre é uma flor verde.
As árvores abrem-se ao meio.
O que é sucessivo perde-se.
Se o tempo modifica os seres e os objecto
seu sinto a diferença e gasto-me.
O sol é um erro de gramática, a luz da madrugada
uma folha branca à transparência da lâmpada.
Soam então os barulhos. Soam
de dentro das caixas fechadas há mais tempo,
de dentro das chávenas de café.
É tarde e és tu.
acima de tudo,
entre a manhã e as árvores,
à luz dos olhos,
à luz só do límpido olhar.

Nuno Júdice in «Poesia Reunida 1967-2000», O Mecanismo Romântico da Fragmentação

Monday, February 11, 2008

Pensamento do dia

Há dois tipos de pessoas: as que embarcam na caravela. E as que se despedem no caís.

Saturday, February 09, 2008

Aniversário

Todos os anos, no meu aniversário revivo a Sophia. Em memória daquele dia longínquo em que apresentei o seu poema do mar à minha simples turma do secundário. Desse dia ficou a memória dum apego, duma compreensão que me acompanha. E que enalteço todos os anos.


Breve Encontro

Este é o amor das palavras demoradas
Moradas habitadas
Nelas mora
Em memória e demora
O nosso breve encontro com a vida


Sophia de Mello Breyner Andresen

Tuesday, February 05, 2008

Livro do Desassossego - parte II

"Será doçura? Ou simplesmente saudade derretida?
O vento é meu amigo e fala-me de ti. Não sei que pensar da saudade que sinto. É saudade. Tu não estás em todos os dias. E em todos os dias cria-se o hábito de tu não estares. E isso é a única diferença ao longo dos dias. "

Alice

Monday, February 04, 2008

Sunday, February 03, 2008

Belém revisited

Dia de folga. Dia de passeio. Inevitavelmente dirigi-me a Belém. Desta vez, para escapar à multidão de turistas que por ali vagueava, percorri debaixo de um vento estimulante o caminho entre o padrão dos descobrimentos e a torre de Belém. Desta vez, sentei-me antes aí, nessa pequena baia onde os barcos costumavam partir.
Sente-se o cheiro da areia grossa e das ondas. Das antigas caravelas. Ali tudo cheira a sonho, a determinação. E acoplado a isso uma tristeza doce de quem parte para não deixar partir o sonho. E que passa claramente despercebida aos portugueses...

Saturday, February 02, 2008

Fotografia

(Alice - Março de 2007)

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