Faz pouco barulho.
Se queres falar, fala
mas não perturbes o
silêncio.
Acabaste?
Espero que sim.
Resta-me tão pouco. Não
roubes o que me resta.
Tenho de implorar-te?
Deixa-me só.
Apaga a luz.
Eu sei que te parece
tão pouco...
Eu sei que te parece
nada...
Mas é o pouco que
tenho....
Respeita o pouco que me
resta...
Alice - Agosto 2007
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Tuesday, August 26, 2008
Sunday, August 24, 2008
Compreensão
Nada me prende a nada.
Quero cinquenta coisas ao mesmo tempo.Anseio com uma angústia de fome de carne
O que não sei que seja -Definidamente pelo indefinido...
Durmo irrequieto, e vivo num sonhar irrequieto
De quem dorme irrequieto, metade a sonhar.
Fecharam-me todas as portas abstractas e necessárias.
Correram cortinas de todas as hipóteses que eu poderia ver da rua.
Não há na travessa achada o número da porta que me deram.
Acordei para a mesma vida para que tinha adormecido.
Até os meus exércitos sonhados sofreram derrota.
Até os meus sonhos se sentiram falsos ao serem sonhados.
Até a vida só desejada me farta - até essa vida...
(...)
Lisbon Revisited(1926) - Álvaro de Campos
Quero cinquenta coisas ao mesmo tempo.Anseio com uma angústia de fome de carne
O que não sei que seja -Definidamente pelo indefinido...
Durmo irrequieto, e vivo num sonhar irrequieto
De quem dorme irrequieto, metade a sonhar.
Fecharam-me todas as portas abstractas e necessárias.
Correram cortinas de todas as hipóteses que eu poderia ver da rua.
Não há na travessa achada o número da porta que me deram.
Acordei para a mesma vida para que tinha adormecido.
Até os meus exércitos sonhados sofreram derrota.
Até os meus sonhos se sentiram falsos ao serem sonhados.
Até a vida só desejada me farta - até essa vida...
(...)
Lisbon Revisited(1926) - Álvaro de Campos
Thursday, August 21, 2008
Voar
Se há coisa que me eleva o espírito é o desporto. Hoje, um português ganhou a medalha de ouro olímpica na modalidade de atletismo que sempre foi a minha preferida: o triplo salto.
Lembro-me de ser pequena e acompanhar sempre as competições de triplo salto. Via os grande campões e equacionava as possibilidade de um dia ver um português saltar mais alto. Ouvir o hino para o mundo todo.
Afnal o homem pode de facto, voar.
Afnal o homem pode de facto, voar.
Wednesday, August 20, 2008
Inútil
Ás vezes não posso evitar pensar no tempo que já foi perdido. Gasto inutilmente. Em festas, em aulas, nas pedras do chão. No sol que nunca se põe.
Seriam alegres esses tempos, como a volupia da superfície dum lago.
Mas nunca passaram de tempos de demanda. De busca desvairada.
E eis que surges agora, finalmente. O fio condutor, o objectivo que sabia ser o meu. Tenho vontade de abraçar-te, pedir-te desculpa por chegar tão tarde.
Posso talvez agora recuperar-te o tempo perdido ? Não. Esse que ficou para trás está definitivamente perdido.
Agora duplamente. Porque uma vez que te encontrei para sempre, ele tornou-se de pedra,definitivamente.
E foi inútil.
Music is your only friend
Saturday, August 09, 2008
Roteiros
As breves férias levaram-me numa viagem nostálgica ao Porto. Primeiro a ribeira fresca e a ponte férrea. Depois a praça da Liberdade, os Clérigos e Gaia. Continuou a preferir o rio e aquela paisagem rústica e triste. Descobri que tinha saudades de estar sentada naquele granito a olhar o rio tão perto e ver aquela ponte tão macia. Saudades que tinham ficados presas, à espera que chegasse.
Depois Espanha, Vigo. Uma cidade iluminada e alegre. Cores vivas, uma ria a perder de vista, o velho e o moderno que convivem.
Entre isso, atravessei a fronteira. A divisão feita pelo rio Minho, nas suas águas escuras. E passei ainda por Viana do Castelo e o rio Lima, Caminha e Barcelos.
Os roteiros de um viajante eterno.
Eternamente preso ao Tejo.
Friday, August 01, 2008
Nunca mais
Um fio de consciência atravessa a noite.
Acontece ocasionalmente, quando cheira a nevoeiro. Quando a alma está húmida.
Por entre os fios emaranhados de dias reais, surge uma consciência fixa. Um espelho de olhos grandes e permanentemente abertos.
Ele morreu.
Fecho os olhos. Ele morreu. Não fará mais músicas.
Nunca mais voltará a salvar-me a vida.
Alice
Acontece ocasionalmente, quando cheira a nevoeiro. Quando a alma está húmida.
Por entre os fios emaranhados de dias reais, surge uma consciência fixa. Um espelho de olhos grandes e permanentemente abertos.
Ele morreu.
Fecho os olhos. Ele morreu. Não fará mais músicas.
Nunca mais voltará a salvar-me a vida.
Alice
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