Nada me prende a nada.
Quero cinquenta coisas ao mesmo tempo.Anseio com uma angústia de fome de carne
O que não sei que seja -Definidamente pelo indefinido...
Durmo irrequieto, e vivo num sonhar irrequieto
De quem dorme irrequieto, metade a sonhar.
Fecharam-me todas as portas abstractas e necessárias.
Correram cortinas de todas as hipóteses que eu poderia ver da rua.
Não há na travessa achada o número da porta que me deram.
Acordei para a mesma vida para que tinha adormecido.
Até os meus exércitos sonhados sofreram derrota.
Até os meus sonhos se sentiram falsos ao serem sonhados.
Até a vida só desejada me farta - até essa vida...
(...)
Lisbon Revisited(1926) - Álvaro de Campos
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Sunday, August 24, 2008
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1 comment:
Até os meus exércitos sonhados sofreram derrota.
Até os meus sonhos se sentiram falsos ao serem sonhados.
Até a vida só desejada me farta - até essa vida...
(...)
este poema e dos meus preferidos do Campos. É tao duro como os outros, tao triste como os outros. Mas estas frases sao tao vazias de esperança - sao noites de verao frias sem estrelas e com lua nova permanente - que me adormecem na sua voz melancolica.
Nao ha soluçao neste poema. Nem sequer a morte é soluçao.
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