Dantes eu achava que as histórias e contos da minha infância eram óbvios ensinamentos para a vida.
Hoje vejo que ninguém os leva a sério. São todos contos lindos que se lêem ás crianças. Para elas dormirem bem e sonharem bem. Porque é único tempo que têm para o fazer. Não sabem que assim que crescerem, não há perdão para o Monstro. Nem tréguas à sereia que quer ver o Mundo para além do seu oceano. E que o principe nunca vai esperar pela Bela Adormecida.
Escrevem-se as histórias para as crianças. Porque elas precisam de sonhar. E são contos de crianças , não se aplicam a nós.
Devia começar a escrever contos para adultos.
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Monday, July 20, 2009
Friday, July 17, 2009
Pensamento do dia
Lisboa ao fim do dia. A luz espectral entre as nuvens dos meus olhos.
O rio azul e a promessa de amor no vento.
E tudo o que queria era apaixonar-me.
O rio azul e a promessa de amor no vento.
E tudo o que queria era apaixonar-me.
Sunday, July 12, 2009
Janela
Gostava de recuperar a minha janela. Ou a imaginação que costumava pairar por ali em tardes longas de Verão. Demasiado longas. Demasiado doces.
Quem eu era. Quem eu fui, estava ali. Desenhado naquela janela de sonhos. No vento que julgava seres tu num sítio longinquo.
Mas nunca fui, durante essas tardes de Verão. Era a minha imaginação em vez de mim. As histórias que gostava de ter vivido. Os m0mentos que passei contigo, no telhado da tua janela.
Todas as viagens que fiz, todas as asas que galopei no vento das tardes de Verão, foram desta janela. E não era eu.
Agora sou eu. E não há vento. E o Verão tem tardes curtas. E tu nunca estás à janela, nem gostas de estar no telhado.
Talvez eu não seja. Ou talvez a minha existência, fosse essa indirecta. Através da janela.
Quem eu era. Quem eu fui, estava ali. Desenhado naquela janela de sonhos. No vento que julgava seres tu num sítio longinquo.
Mas nunca fui, durante essas tardes de Verão. Era a minha imaginação em vez de mim. As histórias que gostava de ter vivido. Os m0mentos que passei contigo, no telhado da tua janela.
Todas as viagens que fiz, todas as asas que galopei no vento das tardes de Verão, foram desta janela. E não era eu.
Agora sou eu. E não há vento. E o Verão tem tardes curtas. E tu nunca estás à janela, nem gostas de estar no telhado.
Talvez eu não seja. Ou talvez a minha existência, fosse essa indirecta. Através da janela.
Some kind of monster
Eu não sou esse monstro.
Não esse.
Há um monstro que vive em mim, sim. Há já muito tempo. Desde o dia em que o espelho me cedeu a sua consciência.
Ele vive aqui, colado ao bater do meu coração. Pensa por mim. Age por mim. Um monstro que sabe que hoje é o único tempo que importa. Porque é o único que existe.
Eu não sou esse monstro que não tem compaixão. Este monstro que mora em mim até gosta de ti. Ele ama. Só que ama hoje, sem amanhã.
Mas não é esse monstro que pensas, exceptuando que é um monstro. Nunca viverá no teu mundo, isso não.
Se preferes culpa-me a mim, esse pedaço de pessoa que continua a existir ocasionalmente. Fui que deixei o monstro entrar e aninhei-o em mim. A culpa foi minha. Fui eu que o deixei escolher-me.
E ainda assim, continuou a não ser esse monstro.
Não esse.
Há um monstro que vive em mim, sim. Há já muito tempo. Desde o dia em que o espelho me cedeu a sua consciência.
Ele vive aqui, colado ao bater do meu coração. Pensa por mim. Age por mim. Um monstro que sabe que hoje é o único tempo que importa. Porque é o único que existe.
Eu não sou esse monstro que não tem compaixão. Este monstro que mora em mim até gosta de ti. Ele ama. Só que ama hoje, sem amanhã.
Mas não é esse monstro que pensas, exceptuando que é um monstro. Nunca viverá no teu mundo, isso não.
Se preferes culpa-me a mim, esse pedaço de pessoa que continua a existir ocasionalmente. Fui que deixei o monstro entrar e aninhei-o em mim. A culpa foi minha. Fui eu que o deixei escolher-me.
E ainda assim, continuou a não ser esse monstro.
Monday, July 06, 2009
A praia de Sophia
Hoje apetecia-me o Mar.
Eterno e contínuo em mim.
Não é a praia e as filas de trânsito. O calor do alcatrão. Os gritos agudos de Verão. Os óculos de sol e as cores berrantes.
É da praia de Sophia que tenho saudades. Do Verão sozinho. A praia branca ao meio-dia. Do calor que entra nos ossos. E que aí se aninha.
Essa praia da minha infância. A praia de Sophia. A minha praia.
Ás vezes encontramo-nos lá.
Eterno e contínuo em mim.
Não é a praia e as filas de trânsito. O calor do alcatrão. Os gritos agudos de Verão. Os óculos de sol e as cores berrantes.
É da praia de Sophia que tenho saudades. Do Verão sozinho. A praia branca ao meio-dia. Do calor que entra nos ossos. E que aí se aninha.
Essa praia da minha infância. A praia de Sophia. A minha praia.
Ás vezes encontramo-nos lá.
Friday, July 03, 2009
Jim Morrison - 3 Julho 1971
Faz hoje anos que morreu em Paris, Jim Morrison.
Na noite do meu aniversário de maioridade, ofereceram-me "The best of Doors". Revendo-me para sempre na música "People are strange", passei essa noite a ouvi-la. Uma consciência maior desceu sobre mim, mas na altura não sabia explicá-la. Um sentimento de alívio. Conforto. Aconchego.
O Jim Morrison encontrou-me nessa noite em que fiz 18 anos. E ajudou-me a suportá-la e a muitas outras seguintes.
Anos mais tarde, voltaria a encontrar-me com ele. Estava eu em Paris, quando de repente fiquei só no Mundo.
Mas ele estava lá. No cemitério, à minha espera. E encontrei-me com ele ali, nesse local fresco de sombras e penumbras. E na campa dele, disse-me o que era importante. O que valia a pena. E o que desapareceria para sempre. E disse-me que nunca estaria só no Mundo.
Ah, tantas vezes quisera eu ter esta conversa com ele. Mas ele estava demasiado longe, a descansar em Paris. Mas foi justamente em Paris que eu mais precisei dele. E foi justamente em Paris que ele morreu.
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