Pensei várias vezes em suicidar-me.
Em destacar-me deste Mundo e calar uma dor que doía a toda a hora, em todo o lugar e em todo o corpo.
Pensei várias vezes em hipóteses alternativas. A vida não é mais do que isso, hipóteses constantes e alternativas à morte. E a verdade é que nunca quis morrer (“Eu não queria morrer, só queria que os outros não existissem”).
Só não queria estar dentro desta prisão minúscula. Não respirar a cada golfada de ar consciente. E não, nunca existiam alternativas, porque todas as alternativas me conduziam de uma prisão para outra. Num labirinto infinito.
Muitas vezes acalentei o desejo de não voltar a acordar. Por vezes, os breves instantes em que os meus olhos se abriam eram os únicos de paz. E eu ansiava a paz, nunca desejei tanto alguma coisa como a paz e a tranquilidade de uma morte serena.
Mas eu nunca quis morrer. Sempre acreditei que era possível sair desta prisão, ainda que muitas vezes não acreditasse.
A minha tenacidade suportou essa dor constante, que doía na alma de manhã à noite. E que cobria tudo o que eu via. A minha tenacidade suportou o não-futuro. Suportou a incerteza.
Porque eu nunca quis morrer. Eu só quero é poder viver. E por isso, pensei várias vezes em suicidar-me.
Alice