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Wednesday, August 20, 2008

Inútil

Ás vezes não posso evitar pensar no tempo que já foi perdido. Gasto inutilmente. Em festas, em aulas, nas pedras do chão. No sol que nunca se põe.
Seriam alegres esses tempos, como a volupia da superfície dum lago.
Mas nunca passaram de tempos de demanda. De busca desvairada.
E eis que surges agora, finalmente. O fio condutor, o objectivo que sabia ser o meu. Tenho vontade de abraçar-te, pedir-te desculpa por chegar tão tarde.
Posso talvez agora recuperar-te o tempo perdido ? Não. Esse que ficou para trás está definitivamente perdido.
Agora duplamente. Porque uma vez que te encontrei para sempre, ele tornou-se de pedra,definitivamente.
E foi inútil.

Music is your only friend

5 comments:

Anonymous said...

Se encontraste depois da busca desvairada, como sabes que foi inutil?
Com o tempo de pedra perdido e mumificado, encontraste o objectivo tardiamente.
Sem o teres perdido, como teria sido?
Talvez por teres perdido tempo inutilmente a tua tristeza te tenha conduzido à pedra e ao sol que nunca se poe.
A inutilidade é, por vezes, uma questao de perspectiva.

Alice in Wonderland said...

Enquanto a demanda continuava , não havia a certeza de o tempo gasto ser inutil.
Uma vez que a busca cessou, e o objectivo preenche de forma tão unilateral o presente, o passado tourna-se apenas numa fase provisoria. Onde não se viveu verdadeiramente.
E onde o tempo gasto - agora sabe-se - foi inutil.

Anonymous said...

No outro dia encontrei esta frase e, de algum modo, parece ser um dos pilares que sustentam a minha filosofia:

" Um olhar sobre o passado. E... lamentares-te? Não que é estéril. Aprenderes que é fecundo"

Escrivá

Alice in Wonderland said...

Não se deve lamentar o passado. Mas sim compreendê-lo.
E se foi inutil, é preciso conviver com isso. Mas fugir dessa verdade é limitativo, yanto como lamenta-la.

Nix said...

Adorei seu blog! Permita-me uma licença poética... é uma letra de uma música que eu adoro e que me acompanhou durante toda a adolescência, chama-se Tempo Perdido e foi composta por Renato Russo (já falecido), um grande poeta brasileiro...
Composição: Renato Russo

Todos os dias quando acordo
Não tenho mais
O tempo que passou
Mas tenho muito tempo
Temos todo o tempo do mundo...

Todos os dias
Antes de dormir
Lembro e esqueço
Como foi o dia
Sempre em frente
Não temos tempo a perder...

Nosso suor sagrado
É bem mais belo
Que esse sangue amargo
E tão sério
E Selvagem! Selvagem!
Selvagem!...

Veja o sol
Dessa manhã tão cinza
A tempestade que chega
É da cor dos teus olhos
Castanhos...

Então me abraça forte
E diz mais uma vez
Que já estamos
Distantes de tudo
Temos nosso próprio tempo
Temos nosso próprio tempo
Temos nosso próprio tempo...

Não tenho medo do escuro
Mas deixe as luzes
Acesas agora
O que foi escondido
É o que se escondeu
E o que foi prometido
Ninguém prometeu
Nem foi tempo perdido
Somos tão jovens...

Tão Jovens! Tão Jovens!...

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