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Tuesday, February 05, 2008

Livro do Desassossego - parte II

"Será doçura? Ou simplesmente saudade derretida?
O vento é meu amigo e fala-me de ti. Não sei que pensar da saudade que sinto. É saudade. Tu não estás em todos os dias. E em todos os dias cria-se o hábito de tu não estares. E isso é a única diferença ao longo dos dias. "

Alice

5 comments:

Anonymous said...

Alberto Caeiro responde a Bernardo Soares:

["Que te diz o vento que passa?)

"Muita cousa mais do que isso.
Fala-me de muitas outras cousas.
De memórias e de saudades
E de cousas que nunca foram."

"Nunca ouviste passar o vento.
O vento só fala do vento.
O que lhe ouviste foi mentira,
E a mentira está em ti."

Alice in Wonderland said...

Quando vi que tinhas comentado, sabia que tinhas posto este poema por causa do vento e do alberto Caeeiro.

Talvez numa das suas formas Fernando Pessoa pensasse assim, fosse um Caeiro pragmatico. Efectivamente ele tem razão. Mas o vento que nos fala, somos nós e nesse campo não ha pragmatismo que aguente...

Anonymous said...

Pragmatismo responde ao Pragmatismo. Cada um de nós é pragmático existencialmente.
Mas , realmente, sou adepta da tese de Caeiro: tudo o que o vento diz é mentira. Não porque não haja direito de fazer a metáfora e o vento ser a nossa consciencia, o nosso outro eu . Mas porque se corre o risco de tornar a metafora numa realidade. Numa mentira que se torna verídica.

Alice in Wonderland said...

Respondo a isso com "Matrix". O que é a realidade ? É o que é mesmo, ou o que tu sentes, o que tu ves, o que te deixa triste e alegre ? Pode ser uma mentira, mas é a mentira que te envolve e que te condiciona.É a mentira que vives.
Corres o risco da metafora se tornar realidade ? Mas a realidade já é uma metafora...

Anonymous said...

Falas da metáfora da vida, de existires, do mito que é viver, da razão porque choras ou porque não ris. Porém, mantenho a minha posição: o vento não fala. A voz dele é a tua. É imaginação, melhor é personificação. E é tudo teu, advem tudo de ti.
Seja o que o mundo for- uma metafora que seja realidade ou a realidade que seja uma metafora- o vento que ouves e que te fala é ilusão. Na verdade, tu controlas o mundo. Mas o vento verdadeiramente, nem sequer é Humano.

"Uma mentira , mesmo que a digam milhares de bocas, não deixa de ser uma mentira"

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