Ontem, enquanto estavamos na discoteca, ocorreu-me pensar que não sei quando me tornei tão exigente com as pessoas. Talvez já o seja desde sempre, consequência imediata da minha observação atenta aos pequenos pormenores que de tão insignificantes, não fazem parte do Mundo real... E é ai que reside a minha tenacidade em compreender a minha própria filosofia: se não significam nada, porque hão-de significar-me tudo? Gostava de poder correr essa persiana dos meus olhos, ignorar a visão super-heroica que me desfigura o Mundo.
Apesar de a música não ser muito boa, foi fantástico sentir os meus pensamentos fluirem como um rio e a breve angustia de os ver precipitarem-se nas cataratas, a compreensão da minha pessoa, à proximidade dum precipício. Começo por ser exigente comigo mesma, e alterno entre a falta de auto-estima e um quase narcisismo espontâneo. A exigência aos outros é tão natural como olhar o espelho e esperar uma boa resposta.
Não é fácil chegar a uma conclusão destas, entre as batidas da música da discoteca, entre as pessoas que se parecem tanto, e que tanto fazem para se parecerem. Acabo por não perceber se não são exigentes ou se a exigência está em serem todos iguais.
Muitas vezes, antes de me aceitar na minha própria exigência, senti-me tentada a fugir. Hoje em dia, ninguém é mais implacável comigo do que eu. Se eu não o for com os outros, como posso regressar todas as noites para o espelho que me acolheu?
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Saturday, May 13, 2006
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