Never let me go revirou-me
o estomâgo. Tal
como na maioria das mentes tambem na minha cedo se formou a fundamental
pergunta, logo que nos apercebemos do destino mórbido dos protagonistas: porque nao fugiram? No entanto foi
apenas uma ideia breve que me povou o cerebro, quase um grito pessoal que se
escapou de alguém que nao se conforma com nada e que recusa tudo o que nao seja
a própria liberdade. Porque eu sabia que eles não iam fugir, é esse aliás o
intuito do filme, mostrar-nos como podemos ser pássaros presos em gaiolas de
portas abertas
O que me perturbou por demais neste excelente filme
foi essa noção de passividade, de aceitamento de um destino dado como único. E
para o qual nao há revolta ou indignacão. Para o qual não há sequer uma dúvida,
um ligeiro ponto de interrogacão. Nem o sofrimento, nem a miséria, nem a injustiça
conseguem ver mais do que as frageis camadas dum cérebro condicionado a aceitar.
E neste ambiente, cada porção de felicidade é agradecida, esmiuçada e assim –
quase eterna. Mais do que vê-los tratados como objectos em prateleiras de
supermercado, entristeceu-me este seu apego a pequenas migalhas.
O autor do livro que deu origem ao filme, Kazuo
Ishiguro, é ingles de origem japonesa e dizem os críticos que a historia do
filme faz juz justamente ao pensamento nipónico de inclusão de regras e de um cultural
aceitamento. A verdade é que a última vez que esta sensacão de tristeza funda
me assolou, foi no final do filme “Memorias de uma gueixa”. Depois de vendida
pelos pais, escrava desde criança e gueixa sem qualquer opção, a jovem Sayuri
consegue tornar-se a exclusiva do homem por quem esteve sempre apaixonada. E
apesar de ele ser casado, ela termina com a seguinte citação:
To a man
Geisha can only be half a wife. We are the wives of nightfall. And yet to learn
of kindness, after so much unkindness... To understand that a little girl with
more courage than she knew, would find that her prayers were answered. Can that
not be called happiness?
Podemos ser
ingratos. Podemos ser ambiciosos. Mas podemos também, alimentar sonhos e
quebrar impossíveis. Não será isso afinal que faz de nós humanos?
1 comment:
Todos os homens gostam de ouvir historias. Provavelmente porque é um sonho alimentado no limiar do impossivel.
Boa critica se bem que nao vi o filme!
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