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Friday, July 04, 2008

Évora

Há algo de estranho no Alentejo. Voltei hoje de Évora e respirei aquele ar pesado de veneno existencialista. Talvez devido ao calor e ao isolamento. Talvez devido à falta de água no horizonte. Talvez.
Mas é inexplicavelmente belo com as suas paisagens amarelas e azuis, os seus verdes secos. É nessa beleza que nos cativa e nos prende e que depois surge a corda e a sua perfeição do pescoço. É dessa beleza isolada que surge a mão negra que se pousa no coração e o aperta. Ali há tempo. Há tudo e não há nada.
Há algo de angustiante no Alentejo. É muito mais do que nostalgia. É uma consciência estática que nos foca os olhos numa frequência fatal entre um conhecimento lógico e absolutamente louco.

1 comment:

Anonymous said...

Évora pesa-me sempre no coraçao. Porque gosto da paisagem, porque gosto da arte e das suas memorias. Porque gosto, mas fujo. Amo, mas no sentido oposto ao da minha vida. A sua paisagem ao tornar-se existencialista, filosofica e ambigua torna - a angustiante - é o pior dos espelhos para o Homem.
Mas sobretudo, é a beleza de uma prisao que nao deixa de ser uma prisao: nao ha agua. Estas no meio de terra que queima os pes. Nao ha agua, nao ha mar, nao ha o Tejo. Nem sequer há o labirinto porque é terreno plano. Há tudo, mas nao ha o aroma unico do Tejo.

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