É um amor intrinseco ás viagens, ao Mar... O Amor que nos mata, ou que nos morre nas mãos. É nosso. Vive-nos. Saibamos nós viver com ele.
Quando eu morrer - pediu Hans - mandem construir um navio um cima da minha sepultura.
- Um navio? - murmurou o filho mais velho. - Um navio como?
- Naufragado - disse Hans.
E até morrer não falou mais.
(...)
A sua enorme sombra inquieta quem passe sozinho na avenida dos plátanos e muitos perguntam porquê tão estranha sepultura. Porém é nesse navio que, nas noites de temporal, Hans sai a bairra e navega para o Norte, para Vig, a ilha.
A saga - Histórias da terra e do mar-Sophia de Mello Breyner Andersen
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Saturday, July 19, 2008
Sunday, July 06, 2008
The severed garden
Retira o bolor das minhas costas. As flores sabem que estou só, deixaram de ter pena de mim há muito tempo. Elas sabem que estou deste lado do espelho, numa prisão que me inventaram. Estou tão longe.
Leva-me para longe.
Aqui estou perto demais. Aqui morro todos os dias.
Prefiro as flores que sabem. Prefiro morrer num jardim de indiferença. Os sonhos não compreendem a liquidez do espelho.
As flores sabem que estou só. Ouve-las? Não. Em silêncio, já não têm pena de mim.
Leva-me para longe.
Aqui estou perto demais. Aqui morro todos os dias.
Prefiro as flores que sabem. Prefiro morrer num jardim de indiferença. Os sonhos não compreendem a liquidez do espelho.
As flores sabem que estou só. Ouve-las? Não. Em silêncio, já não têm pena de mim.
Alice - “The Severed Garden- The doors”
Friday, July 04, 2008
Évora
Há algo de estranho no Alentejo. Voltei hoje de Évora e respirei aquele ar pesado de veneno existencialista. Talvez devido ao calor e ao isolamento. Talvez devido à falta de água no horizonte. Talvez.
Mas é inexplicavelmente belo com as suas paisagens amarelas e azuis, os seus verdes secos. É nessa beleza que nos cativa e nos prende e que depois surge a corda e a sua perfeição do pescoço. É dessa beleza isolada que surge a mão negra que se pousa no coração e o aperta. Ali há tempo. Há tudo e não há nada.
Há algo de angustiante no Alentejo. É muito mais do que nostalgia. É uma consciência estática que nos foca os olhos numa frequência fatal entre um conhecimento lógico e absolutamente louco.
Mas é inexplicavelmente belo com as suas paisagens amarelas e azuis, os seus verdes secos. É nessa beleza que nos cativa e nos prende e que depois surge a corda e a sua perfeição do pescoço. É dessa beleza isolada que surge a mão negra que se pousa no coração e o aperta. Ali há tempo. Há tudo e não há nada.
Há algo de angustiante no Alentejo. É muito mais do que nostalgia. É uma consciência estática que nos foca os olhos numa frequência fatal entre um conhecimento lógico e absolutamente louco.
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