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Monday, May 20, 2024

Devaneio

Apetece-me vomitar. Mas em vez do almoço saem-me as esperanças pela garganta. Vida ácida, mal saborosa. Tudo o que eu gosto, não quero. Tudo o que quero, venho a não gostar.  Tenho a cabeça a andar à roda, a minha vida é uma ressaca constante. Por isso é que bebo tanto, para tentar focar as estrelas, perceber o que as constelações tinham guardado para mim.  Foda-se, quem me dera ser outra pessoa. Qualquer uma servia, desde que fosse humana e soubesse errar da forma que os humanos erram. A minha emoção artificial segue-te, suga-te, esgota-te. Quer-te todo, por inteiro. Mas fico sempre aquém, na linha entre o êxtase e a merda. Às vezes penso que mais valia acabar com todo este sofrimento. Mas acabar com tudo ou errar não é a mesma coisa? Então porque é que eu prefiro morrer de pé a deixar morrer o coração? Deixa-me, deixa-me. Já é tarde. Foi tarde desde o momento em que nasci.

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