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Thursday, December 27, 2007

Natal

A igreja estava fria. Não porque fosse Inverno. Era Natal.
Não chovia,nem nevava. O cenário era frio até nisso.
A noite inebriante estendia-se pelas ruas que levavam à igreja. As ruas que percorrera para ali chegar. Equanto andara não sentira frio. O contínuo dum breve futuro aquecia-lhe as mãos.
Era Natal. Nada nas pessoas à porta da igreja lhe indicava que fosse Natal. Mantinham um estado alternado entre um sorriso ocasional e um cansaço nos olhos, que se escapava sem querer. E ele precisava tanto de calor, algo que lhe aquecesse a alma, que o fizesse acreditar. Tanto que ele precisava que fosse Natal...
A igreja era fria. Mais fria do que a rua. Quando se sentou para ouvir as crianças cantarem sentiu as mãos duras, azuis. Devagar essa cor atravessou o corpo todo deixando-o dorido e fixo no banco da igreja.
À medida que as vozes límpidas ecoavam nas paredes e se atiravam contra ele, sentia-as cairem nas profundezas do seu ser. Algumas caíram nos seus eternos buracos, aqueles vazios que ele queria esquecer. Não voltaram mais. E tornaram-se azuis, como as suas mãos.

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