Um fio de consciência atravessa a noite.
Acontece ocasionalmente, quando cheira a nevoeiro. Quando a alma está húmida.
Por entre os fios emaranhados de dias reais, surge uma consciência fixa. Um espelho de olhos grandes e permanentemente abertos.
Ele morreu.
Fecho os olhos. Ele morreu. Não fará mais músicas.
Nunca mais voltará a salvar-me a vida.
Alice
5 comments:
Um dia vou conseguir resistir à Orion. Tem um poder estranho sobre mim.
E nunca considero, nunca admito que teve maos humanas a comporem-na - nao é orgulho, nao é inveja, simpelsmente, nunca me ocorre.
E um dia vou ao tumulo do teu morto que te salvou a vida ver que foi, efectivamente, um homem. Isso, simplesmente, escapa-me. Só tenho a mesma consciencia que tu: que nao ha mais Orion's.
As cinzas dele andam aí, ao vento.
Não tens tumulo. Ele persiste através da música.
Mas a fonte extinguiu-se e isso é , por vezes, conscientemente triste.
É um sonho macabro mas espero outra Orion. No vento e no mar, o som é quase grotescamente semelhante.
Preciso do tumulo para perder a leve e ténue esperança; a consciencia é triste mas nao domina quando oiço a musica.
Porque Ele persiste, mas eu nao.
Daí o pânico.
Não persistes. E precisas de esperar macabramente por outra Orion.
Que nunca existirá porque o Cliff Burton morreu.
E eu nem nunca vivi no mesmo tempo que ele. Os anos da morte dele sao mais que os meus de vida.
De onde vem a empatia?
Da harmonia perfeita e unica da Orion.
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