Translate

Saturday, May 11, 2013

"Quando morrer, voltarei para buscar os instantes que não vivi junto do mar"

A praia só tem duas cores : azul e amarelo. Tudo o que fica para além delas está para lá do horizonte e nunca interfere.
O sol está sempre a pique, é meio dia em todos os relógios do mundo. A areia recorta-se em lascas de conchas onde o sol reflecte tímidos arco-íris. Os grãos graúdos enterram-se com os passos, deixando para trás pequenas dunas que se emperigam com a brisa. O calor torna a areia morna e ela liberta aquele odor a doce,  sempre quente.
Chegando à beira mar, os pés arrefecem e a água das ondas rasas deixa uma linha na pele separando o seco do molhado. O cheiro da areia junta-se ao da maresia. O bater das ondas contínuo é reconfortantemente sempre o mesmo. Um som que acalma e espevita a vida.
Não há sombras nem projecções. A luz ilumina todos os espaços e aquece tudo.

E rompendo a orla, o meu corpo entra na água. A espuma desfaz-se nas minhas mãos e sabe a sal. O mergulho é amplo, repleto de continuidade. A minha pele escura brilha dourada enquanto os meus cabelos húmidos absorvem o cheiro a iodo. As ondas levantam-me no ar para momentos depois me pousarem de novo, delicadamente.

Fico assim, eternamente. E é sempre tão pouco. 



1 comment:

pantalaimon said...

Só nao concordo que seja pouco. É tudo porque anula o espaço-tempo.
Mas gostei muito do resto!

Popular Posts