O sol está sempre a pique, é meio dia em todos os
relógios do mundo. A areia recorta-se em lascas de conchas onde o sol reflecte
tímidos arco-íris. Os grãos graúdos enterram-se com os passos, deixando para
trás pequenas dunas que se emperigam com a brisa. O calor torna a areia morna e
ela liberta aquele odor a doce, sempre quente.
Chegando à beira mar, os pés arrefecem e a água das ondas
rasas deixa uma linha na pele separando o seco do molhado. O cheiro da areia
junta-se ao da maresia. O bater das ondas contínuo é reconfortantemente sempre
o mesmo. Um som que acalma e espevita a vida.
Não há sombras nem projecções. A luz ilumina todos os
espaços e aquece tudo.
E rompendo a orla, o meu corpo entra na água. A espuma
desfaz-se nas minhas mãos e sabe a sal. O mergulho é amplo, repleto de
continuidade. A minha pele escura brilha dourada enquanto os meus cabelos
húmidos absorvem o cheiro a iodo. As ondas levantam-me no ar para momentos
depois me pousarem de novo, delicadamente.
1 comment:
Só nao concordo que seja pouco. É tudo porque anula o espaço-tempo.
Mas gostei muito do resto!
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