Deitados na cama, eu olhava as estrelas dum tecto húmido e rasgado. Não tinha dado certo à primeira, nem à segunda, nem à terceira. Quem diria que à quarta, passados dez anos, estavamos finalmente ali.
Há quem diga que quando o tempo passa nós mudamos. E que fomos nós que mudamos,
para agora estarmos ali sem roupa e vulneráveis a conseguir finalizar um tipo
de amor que nunca julgamos possível. Talvez fosse mesmo esse o problema na
altura: ambos quisemos um amor que não era possível. Julgavamos nós, que esse
era o único amor que existia. E agora, simplesmente, percebemos que há muitas
maneiras de amar, que amar é a forma mais profunda de se estar só, e que nenhum
de nós vai salvar o outro, mas que talvez depois de fodermos, talvez, talvez
estivessemos um bocadinho mais a salvo.
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