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Friday, June 07, 2024

Não tenho por onde fugir

Adormeço de barriga para cima e acordo ao fim de uns minutos. Parece que passou muito tempo e que estive intermitente a passar por todos os meus pesadelos. Uma outra vida dormente e aterradora que acaba quando os meus olhos fixam o meu quarto e vêm uma mobília familiar que não reconheço. Mas na rua, toda a gente me parece conhecida, tenho a certeza de que já nos vimos pelo menos uma vez, fodemos dez. Volto a adormecer e a acordar passados cinco minutos. É um inferno que me acontece também quando estou acordada. E percebo que não há diferença entre uma vida e a outra.

Sempre tive enormes espaços negros. Séries inteiras de vivências que não sei onde estão. Posso ter sido uma puta ou a freira do convento. Gosto de preencher esses vazios com os meus sonhos. Mas os pesadelos chegam sempre primeiro e eu não tenho por onde fugir.

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