A morte comemorada assim
Entrou na minha casa,
De madrugada.
E enquanto me alinhavava
com essas agulhas toscas
e mal afiadas,
a morte comemorada assim
cobria os meus livros
obrigatórios
cheios de rimas estratégicas
e nobres objectivos.
Mas não são permitidos
Livros obrigatórios
Enquanto se cose
um ser humano de trapos
e de saudades.
E a poesia nunca
teve
um propósito.
Sou livre para nunca
Gastar as minhas mãos
Em livros obrigatórios
Mas antes ensaiar em mim
Uma camada de recheio
Que de vez em quando
Solta versos
Que nunca estarão
Disponíveis para leres
em bibliotecas construídas
de propósitos.
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Friday, June 11, 2010
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