Les grandes personnes aiment les chiffres. Quand vous parlez d’un nouvel ami, elles ne vous questionnent jamais sur l’essentiel. Elles ne vou dissent jamais: “quell est le son de sa voix? Quels sont les jeux qu’il préfère? Est-ce qu’il collectionne les papillons?"
Elles vous demandent
“Quel âge a-t-il? Combien a-t-il de frères? Conbien gagne son père?"
Le petit prince
Foi a primeira vez em que pensei na matemática de forma diferente. Foi a primeira vez em que os números no meu caderno de quadrados olharam para mim como se fossem estranhos de rua, com um sorriso disfarçado e uma implícita atitude pré-concebida, de quem calcula.
Ironicamente, eu que tanto gostava de matemática, nunca calculava.
Foi, desde que me lembro, a primeira vez em que me senti sozinha. E comecei por odiar o Saint-Exupéry na sua eterna história diabólica sobre as pessoas grandes e a fixação pelos números.
E eu até tinha gostado do prólogo. Lembro-me que li vezes sem conta aquelas frases sobre o Léon. E pensava nele com mais cuidado do que pensava no principezinho que tinha a sua rosa, ou no Saint-Exupéry que tinha o principezinho.
Às vezes, à noite, ainda dou por mim a pensar nele, que não tinha nada e passava fome e passava frio. Dantes, até imaginava um romance vadio com esse francês moribundo que conservava intacto um coração. Sempre me pareceu a alma perfeita para amar.
Mas isso era dantes, em que havia sonhos e eu não era caloira. Hoje continuou a pensar nele, na sua breve passagem pelo mundo naquele prólogo daquele livro que me roubou a matemática. Mas o romance ficou preso dentro do livro e nunca mais voltou.
Dizem que eu aprendi a fazer contas antes de falar. E nunca me serviram as palavras, quando as usei na escola. Desde cedo que o Mundo não quis comunicar comigo e eu encontrei na matemática uma exactidão universal que bania da minha vida os incompetentes e os falaciosos.
Porque os números abstractos nunca me mentiam.
Até aquele dia em que li o Principezinho. E o Léon me aparecia de noite a morrer numa rua sem nome e me dizia “ As pessoas grandes só pensam em números”. E olhava para mim de forma desiludida e morria sem fazer barulho.
E nunca consegui deixar de sentir a desilusão dele. Sempre que comprava cadernos de quadrados. Sempre que passava a mais uma cadeira do meu curso de engenharia. Sempre que resolvia uma equação.
E sempre que passo mais tempo com os números e eles me dão um pedaço do velho descanso da minha infância é a voz do Léon dos meus sonhos que oiço.
E dou por mim com a garganta presa por palavras que nunca saem “Eu nunca quis crescer!”
Hoje, vou voltar para os números, porque afinal eu nunca soube comunicar e as palavras nunca quiseram o meu amor infantil. Há talvez um mundo paralelo onde eu existo e que seria difícil de conceber para o Saint Exupery.
Por isso, antes de voltar para os números num amor resistente e desgastado em discussões de intimidade,
Gostava de pedir desculpa ao Léon pela minha falha abstracta imperdoável. E garantir-lhe que nunca vou crescer.
1 comment:
Discordo. O jeito para as palavras esta convencionada neste mundo como está a mais discereta rotina quotidiana. Diria que tens o jeito para as palavras, de dentro. Tens o jeito para as palavras de dentro, as que sao puras.
E é garantido que nao pertences unicamente ao mundo dos numeros ou nao sentirias tamanha compaixao e amor a alguem como O Leon. Poder-lhe-ias escrever um prologo, talvez menos artistico, mas igualmente humano e caloroso. E isso é tudo o que basta, isso e o jeito com as palavras.
Jeito com comunicaçao nao e jeito com as palavras. Na maioria das vezes, o nao é. Quem mais comunica facilmente, menos esta calado. E isso so revela uma vontade extrema de calar qualquer coisa. Ha que amar o prazer do silencio, é onde as palavras sao mais aureas e relevantes.
Adorei!=D
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