Sexta feira, ás 5 da manhã levantei-me para ir levar a minha irmã ao aeroporto, o tão esperado dia da sua viagem de finalistas. Apesar de estar a morrer de sono, apreciei a atmosfera do aeroporto, o cheiro a viagens e a lugares longínquos ( nunca esse cheiro tinha sido tão intenso) e a emoção de quem vai viajar, tão espelhada na face e nos gestos que se fazem.
Até àquele momento, ainda não tinha tido a percepção exacta de que eu não ia viajar. Tudo se resumia a uma frase que eu repetia e cujas palavras diziam apenas isso, e mais nada : " eu não vou". Mas quando chegámos à porta onde tivemos de nos separar, ai tomei consciência, que é como quem diz... ai comecei a sentir uma pena enorme e uma vontade louca de seguir em frente também. Mas não pude. A minha irmã desapareceu do meu horizonte, a caminho de Londres e eu apanhei o autocarro de volta ao ruído de Lisboa ao acordar.
Quando em 1999 ocorreu aquele eclipse do Sol tive uma sensação semelhante... sabia que da minha janela só iria ver um eclipse parcial, mas só quando a Lua parou de avançar e eu vi na televisão o eclipse total, só aí é que eu tive a percepção instantânea de que não ia ver nada. São uns breves momentos de realidade fulminante, que me acertam em cheio.
De qualquer modo, pensei em voltar ao aeroporto de vez em quando, para sentir de novo aquela atmosfera. Afinal é o mais perto do longe que consigo estar...
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Sunday, April 24, 2005
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2 comments:
É o mais perto do longe que consegues estar, por enquanto! ;)
Já estou mesmo a imaginar, tu tipo gnomo do filme da "Amélie" a viajar por tudo o que é sitio neste mundo. :D
jinhos
Lindo! Que comparação magnífica! :)
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