Um dia, podia até voltar. Quem sabe, daqui a muitos anos. Daqui a muitos minutos. Poderia até trazer-lhe um coração que lhe soava ao seu. Com o mesmo ritmo alucinante adormecido. A mesma pele lisa, pronta a estalar.
Talvez até já tivesse voltado ocasionalmente - ou voltasse todos os dias que é o mesmo que nunca regressar. Não sabia ao certo.
O coração estivera na rua, apanhara chuva. Não era o seu. O seu morrera entre as esperas quadradas. E agora o vazio era redondo, infinito.
Talvez até já tivesse voltado ocasionalmente - ou voltasse todos os dias que é o mesmo que nunca regressar. Não sabia ao certo.
O coração estivera na rua, apanhara chuva. Não era o seu. O seu morrera entre as esperas quadradas. E agora o vazio era redondo, infinito.
Alice
1 comment:
"...ou voltasse todos os dias que é o mesmo que nunca regressar."
De todo o texto esta é sem duvida a minha frase preferida. Porque me lembra o que é o engano perfeito, a mentira que nada mais é do que uma omissão sonora e azul-escura: regressar é permanecer, é compromisso, é rotina , são esperas curvas. Voltar todos os dias é partir todos os dias sem existir o consolo quente do regresso; é o agora e aqui nao é suficiente.
E este jogo de paradoxos que sao tao afastados em conceitos tornam-se numa mesma coisa coerente.
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