Saí pela boca profunda do metro e desemboquei num pequeno cais lateral onde
a água batia na pedra, um pequeno muro se estreitava entre mim e aquele mar.
Por cima e pelos lados corriam outras linhas de caminho-de-ferro e auto estradas,
viadutos e pontes que ligavam aqueles pedaços de terra por entre a água que nos
cercava de todos os lados.
Deixara-os no restaurante e saíra naquela hora em que ninguem está na rua. Quando
subi as escadas sujas e me deparei com aquela água a baloiçar como uma criança
pronta a adormecer, parei. Subitamente, parei. A cadência daquele mar, as cores
de poente pintalgadas naquele relevo de ondas hipnotizou-me e fui-me aproximando
até lhe sentir o cheiro na pele.
De repente, tudo fez sentido, que é o mesmo que dizer que tudo ficou
pequeno. O caís elevou-se e eu cresci sobre aquela ilha, afastando-me
gradualmente de todos os restaurantes do mundo. E lá de cima tudo o que se
contemplava era aquela água azul escura, ondulando para mim. Pisquei os olhos
devagar, filtrei a luz e em cada poro a vida brotou cheia de intencionalidade.
Depois, nada mais importa.
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