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Sunday, January 30, 2005

Monet

Este Natal a minha irmã ofereceu-me um calendário com quadros de Monet, um para cada dia do ano… Tenho-os neste momento à minha frente, enquanto escrevo. Folheio as páginas e acabo por nunca conseguir decidir-me sobre qual é o meu preferido. Sempre que os observo acabo por descobrir quadros novos em que ainda não tinha reparado. Ao folheá-los hoje, novamente, não posso deixar de me lembrar do dia em que conheci Monet. Foi há coisa de quatro anos, andava eu no 12º. Num dia exactamente igual a tantos outros (e nesse tempo, os meus dias eram mesmo todos iguais…), sentei-me na aula de português. Sozinha e calada como sempre. Por acaso foi nesta altura que me comecei a interessar pela literatura, mas isso não me impedia de estar distraída na aula. Os meus colegas achavam-me muito estudiosa, e vendo-me sempre tão solitária, achavam que estava compenetrada a tomar atenção ás aulas. Nesse dia, como nos outros, os meus pensamentos voavam pela janela, transpunham a escola e perdiam-se nas nuvens… Folheava o livro, desinteressadamente quando o quadro de Monet se mostrou, forçando-me a descer à terra. A minha ignorância até à altura não me permitia saber quem era Monet e o que era o impressionismo. O meu interesse pelo quadro foi simples: gostava de olhar para ele. Era de algum modo triste e compreensivo, e por outro lado misterioso. O quadro de que lado é o tão conhecido “Impressões do sol nascente”, o quadro mais famoso de Monet e o que se revela como o percursor de um estilo até então desconhecido: o impressionismo.
Mesmo depois de ter conhecido outros estilos de pintura, e até outros pintores impressionistas, nenhum tem o lugar que Monet ocupa em mim. Acabei por me afeiçoar aos seus traços e a reconhecer as suas paisagens favoritas… aquelas nuvens de dias solarentos, ou os céus incandescentes e feridos ao pôr-do-sol.
Lembro que quando a aula acabou, mantive o livro aberto na página do quadro, nesse dia e em muitos outros. Fazia-me companhia. Talvez haja uma explicação psicológica para o facto de eu gostar tanto de Monet e dos seus quadros. Não sei. A verdade é que gosto de olhar para eles.

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