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Sunday, January 14, 2007

Regresso

Há o sentir muito e pouco. E há a filosofia de Ricardo Reis.
Dantes recolhia-me sob os poemas que me ditavam a calma da retenção. Porque quem não se exalta não sofre. E isso era a minha melhor garantia.
Foi por ter vivido ao abrigo dessa capa, que hoje aproveito o limite da sensação, o verdadeito gozo de enfrentar o vento na cara. É o "muito e pouco" que se arrisca. Um turbilhão de sentimentos que dão continuidade à vida.

Mas hoje o turbilhão está longe. As minhas águas estão calmas, como no tempo em que Ricardo Reis era o senhor das minhas terras. E o mais estranho é que não lhe dei permissão para voltar...

10 comments:

Anonymous said...

Conhecer Ricardo Reis é simplesmente essencial, mas tê-lo sempre connosco... Exprimenta convidar Alberto Caeiro a ocupar, nem que seja por breves instantes, o teu espaço contigo...
Bjokas Sara

pantalaimon said...

'Fairy tails are more than true: not because they tell us dragons exist, but because they tell us that dragons can be beaten'

Talvez por isto seja importante teres Ricardo Reis como senhor das tuas terras: se nunca ignorares o poder de viver, como sabes que realmente vives? Se nunca venceres um dragao, daras o devido valor aos contos de fada?

BjO PaN*

Anonymous said...

Se um dia partires rumo a Ithaka,
Faz votos de que o caminho seja longo,
Repleto de aventuras, repleto de saber.
Que nem Lestrigões nem os Ciclopes
Nem o colérico Poseidon te intimidem;
Eles no teu caminho jamais encontrarás
Se altivo for o teu pensamento, se subtil
Emoção o teu corpo e o teu espírito tocar.
Nem Lestrigões nem os Ciclopes
Nem o bravio Poseidon hás-de ver,
Se tu mesmo não os levares dentro da alma,
Se a tua alma não os puser diante de ti.

...

:)

Anonymous said...

Sim! Sim! Alberto Caeiro esse Sim!! Esse trás a luminosidade ao contrário do senhor Ricardo :P

Aki fica um dos meus preferido!!
(n sei se ainda te recordas da aula de português mas eu nunca eskci qdo me apresentaram o Alberto! Este poema ficou para sempre!!)

Bjocas emmah

Alberto Caeiro
II - O Meu Olhar

O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de, vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...
Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender ...

O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar ...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...

Anonymous said...

Eu confesso que prefiro o Fernandinho itself ;) e para não destoar dos outros comments aqui fica um bocadinho:

"Quem dera que houvesse
Um estado não perfeitamente interior para a alma,
Um objectivismo com guizos imóveis à roda de em mim...
A impossibilidade de tudo quanto eu não chego a sonhar
Dói-me por detrás das costas da minha consciência sentir..."

bjs, Joana ;)

Kai Mia Mera said...
This comment has been removed by the author.
Kai Mia Mera said...

E que tal Bernardo Soares com o "Livro do Desassossego"?!

Beijinhos

Anonymous said...

subitamente, este post lançou a escolha entre fernando pessoa e os vários heteronimos.

quem gosta de Pessoa, gosta de tudo. Mas há dias em que nos identificamos com um e só um.

e talvez neste momento precise da simplicidade de Caeiro, mais do que do pragmatismo de Reis que tem sido o meu mestre. Preciso mais de consolo do que de direcção.

Obrigado a todos por terem tornado este post tão interessante :)

( Ema, apesar de não ter estado contigo nessa aula de portugues, gostei muito que tivesses citado o poema, that's why I like you, you are always surprising me ;) )

Anonymous said...

O meu poema n era do Fernando Pessoa, mas é na boa :P

O meu preferido é o Álvaro de Campos, caso ng saiba :D só para dizer ;)

Anonymous said...

eu sei tiago :P e o da wings tb nao ;)

Mas gostei de ver Pessoa de repente tão presente nas pessoas!
e eu sei que preferes Alvaro de Campos :P

Beijinho

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