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Friday, June 26, 2009

Reflexão

Perdida entre as nuvens selvagens que pintalgavam o horizonte fui obrigada a desviar os olhos da paisagem.
A que se resume a nossa vida? Encadeia-se a vida numa rodopiar de acções e de gestos mecânicos e sociais. E o trabalho obriga a que sejamos simpáticos e agradáveis. Que sejamos aliciantes. E estamos tão obstinados a vestir esse papel de parede, que não podemos olhar pela paisagem que vemos do carro. Parar para pensar em silêncio durante o almoço. Ou sair do metro e olhar a cidade barulhenta a espreguiçar-se de manhã.
Não. Estamos presos a uma corrente social de conveniência. E esses gestos frescos ficam para um local sagrado ao fim do dia, ao fim da semana, do ano… em que se utiliza o tempo para se observar, o que nunca se pode observar, sentir o que não pode dizer, falar do que não se pode ouvir.
E ás vezes até esse altar sagrado tem que ser sacrificado.

Qual o propósito da vida, se em prol dum aparência que necessitamos criar, não podemos desfrutar de quem somos?
E depois pensei: “O homem do Paleolítico estava talvez demasiado ocupado a não ser caçado para se aperceber das maravilhosas paisagens da natureza que o rodeava. Nós, não somos diferentes. Continuamos, igualmente como o homem do Paleolítico, a sobreviver em cada dia. Não há tempo para olhar pela janela. Se não somos caçados.”

3 comments:

WinGs said...

Alguem, algures, disse que a teoria evolucionista de Darwin nao se aplicava aos homens. Mentira. Simplesmente nao aparente a mesma natureza animalesca como nos animais.

Continua a sobreviver o mais flexivel.

Mas quando há sobrevivencia, quando existe a necessidade de nao sucumbir, tens a mente ocupada. E nao ves que vives.Como no alquimista, ou ves os tapetes ou deixas cair o azeite da colher.

Evolução é subjectiva.

Alice in Wonderland said...

Algures a reler este texto lembrei-me justamente dessa história do Alquimista.

E é verdade. A vida é um constante equilibrio entre o azeite na colher e os tapetes maravilhosos do palácio.

E só não vale a pena é negar.

pantalaimon said...

... porque é impossivel nao deixares cair o azeite e maravilhares-te com os tapetes. E nao há nenhuma solução idealizada.

É tudo subjectivo. Mas, curiosamente, a evolução nasceu daqueles que se focaram na visão dos tapetes. Jamais nasceu da visao daqueles que trouxeram a colher perfeita com todo o azeite inicial...

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