Ao andar pelas ruas pequenas e encarquilhadas tudo voltou à minha
lembrança. Aquelas noites de Junho quentes e cheirosas, como se o calor
cheirasse ele proprio a manjericos, os vestidos frescos, os lençois sedosos, o
sol a espreitar as persinanas de manhã. Os sonhos que existiam mas sobre os
quais não se tinha consciência.
A cidade antiga é branca e caótica como um labirinto. As janelas estão
todas abertas, a roupa lavada está estendida nas varandas mas fica seca como
farrapos de bandeiras de navios naufragados. Passo por baixo dos vários arcos
em busca de uma praça, mas não há ordem nenhuma, a não ser aquela ordem natural
de se ir acrescentando paredes sem pensar no futuro da casa.
A minha pele está castanha e brilhante, sequiosa por este calor que lhe
nasceu nos nervos, os pés sabem o caminho sobre aquela pedra branca silenciosa até
ao mar. A maresia está em cada atomo de vento, irrompe os pensamentos e os
passos tornam-se salgados. As minhas mãos tacteiam o vazio que de repennte se
torna cheio de espaços. E para lá daquelas paredes brancas, o Mar surge como
uma risca de azul borrada de esperança.
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