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Thursday, August 23, 2012

O mito do D.Sebastião


Lembro-me que entre nós pouco ou nada foi bom. Talvez uma tarde em que havia Sol e nós fomos passear ao pé do rio. Ou talvez aquele momento difuso em que tu disseste não sei o quê. Aquilo. Qualquer coisa que até foi bonita mas que se escapa da minha memória.
Lá no fundo, é como se fosses apenas um fumo branco e cheiroso, uma nuvem que promete eternamente um D.Sebastião. O anteceder de um concerto onde o nevoeiro possibilita todas as notas de musica, todos os riffs, todos os solos que estão por inventar.  
Tudo entre nós acabou de forma abrupta e encarceradora, numa guerra feita de sangue seco que coagulou nas únicas linhas de comunicação que poderiamos ter tido mas que nunca soubemos usar. Assim morre o amor, dizem os livros. Dizem as pessoas. Até tu me gritaste isso aos ouvidos, quando me atiraste com a porta no meio de anseiras rancorosas. Afinal o amor tinha mais de amargo do que as horas dolorosas passadas à espera que ele chegasse.
Mas não há nada que o tempo não cure. Ou, mais correctamente, não há nada que o tempo não mude. Porque hoje, lembro-me que entre nós pouco ou nada foi bom. Mas  a verdade é que quando afasto o nevoeiro saudosista que me atiram para os olhos, sei que na verdade nunca houve amor nenhum e as boas memórias nunca tiveram chão para medrar, porque nunca as chegamos sequer a semear. 

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