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Thursday, March 26, 2009

The Big Fish

“First he came earlier. Then he was too late”

The Big Fish é um filme fantástico que poderia apenas ter aparecido da mente diferente de Tim Burton.
Se tinha dúvidas, ontem ao rever o filme que estava a passar na televisão, apercebi-me que a metáfora é de facto a minha figura de estilo preferida. E aquele filme é, todo ele uma enorme metáfora onde se contam pequenas outras metáforas.
Gosto da ideia da imortalidade de uma alma que viveu verdadeiramente através de uma história que nunca existiu. Mas que ao ser tão autêntica permaneceu, ocupando o lugar de vácuo que a objectividade de uma verdade nunca terá criatividade suficiente para descobrir.
Mas acabado o filme, a minha mente fixa-se naquela frase. Uma metáfora pequena, quase inofensiva. E que fere devagar, com uma crueldade aparente de compaixão de quem fere devagar para que doa menos.
Não há nada pior do que resumir a vida a um erro dessincronizado do tempo. Duas vezes.

3 comments:

Anonymous said...

O que mais me impressiona no "Grande peixe" é a quebra da máxima de que a realidade é melhor, ou maior, ou mais saudavel que a ilusao, que a imaginação em si.
É mentira. A imaginaçao rege todo e qualquer mundo, inclusive o real.

Mas quando há em ti uma parte que vive exclusivamente na chamada "realidade", vai haver um fosso entre os dois mundos. E acabarás por ferir alguem com compaixao , num erro desincronizado. Duas vezes, porque um é apenas a reflexão do outro.

Alice in Wonderland said...

De facto isso é verdade.
Quem vive exclusivamente na realidade não corre o risco de desincronizar a vida de alguém.

Eduard voltou duas vezes a "Espectro". E um dos produtos da sua imaginação ( que talvez possuisse uma parte verídica) sofreu com o seu desincronismo de tempo das duas vezes.

O que significa que ele próprio se desincronizou na sua busca pelo imaginário. E uma parte desse sonho sofreu. Inteligentemente, ele colocou essa dor na imaginação e não na realidade.

Anonymous said...

Diria que o "Grande Peixe" é um filme muito enganador. Ninguem conhecia melhor a realidade do que Edward, ninguem vivia mais nela do que Edward.

Ninguem controlava melhor o fosso e a ponte dos dois mundos.E todas as mentiras, as ilusões, as histórias que contava era a maneira dele de superar o tédio e o sofrimento do real.

E a parte imaginária sofre a primeira vez porque ele nao vive todos os segundos nesse mundo. E a segunda, porque ele já escolheu que nao vivia.

Por isso é que a primeira vez foi muito cedo - o acto da escolha - e a segunda, muito tarde - a consequencia da escolha.

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