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Thursday, May 27, 2010

Amores banais

Nunca quis amores banais.
Não tenho qualquer interesse em não estar
sozinha.
Tenho em mim este narcisismo
Que arranquei à força de espelhos.
E aperto contra o peito todas as
noites.

Nunca gostei de metáforas e
máscaras para a solidão,
que usam camas sucessivas
para fabricar amores sucessivos.
Laivos de prazer que enchem páginas
de escrita de poetas
boémios.
Únicos, neste país de invenção,
onde ler duas palavras seguidas
é cultura.

Nunca gostei de cozinhas partilhadas
E camas partilhadas.
Tenho horror à fusão
de vidas.
E a casamentos de conveniência
Que inventam vestidos compridos
E crianças ranhosas,
Numa dança cíclica que a inteligência
que não existe não permite
não questionar.

Nunca tive paciência para histórias de amor
De televisão
papadas entre sexo explícito
e bordados cor-de-rosa.
Tresandam a mofo.

E eu,
gosto de respirar à janela e sentir os
meus pulmões doentes.
Assassinados pelo meu amor.
O melhor futuro que se pode
prometer é o presente.

Sempre quis um amor de morte
Suspenso em viagens.
Com açafrão e o calor do deserto.
Nas palmas das mãos.

Sempre quis fugir de madrugada
E viver um amor de cinco minutos.
Que durasse para sempre.

2 comments:

Ricardo said...

"Profissional" ou "amador", este é dos poemas mais bonitos e mais bem escritos que já li. Desde sempre.

WinGs said...

" A unica diferença entre um amor eterno e um capricho é que o capricho dura um pouco mais tempo" Oscar Wilde.

De facto, gostei muito =) amor é quando até o tempo se distorce e se dobra na mudança fugaz de uma suave perspectiva!

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