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Thursday, February 19, 2009

Hábitos

Sempre quis mudar de casa e viver em Lisboa. Tenho até o sonho de vir a morar perto do Rio...
Para além do mais, sempre perdi imenso tempo em transportes públicos... a tentar sair à noite, a deslocar-me imenso ao fim de semana para poder ter acesso a locais agradáveis.
No entanto, agora que essa realidade está cada vez mais perto (e que a minha casa em Lisboa vai tomando forma) apercebo-me que o meu olhar atento sobre Lisboa se fazia justamente dessas horas em que estava longe. E que as minhas reflexões eram estimuladas pelo decorrer do tempo em que não fazendo nada, à espera de comboios e metros eu era “obrigada” a pensar. Quantas ideias me surgiram no metro? Quantos poemas e contos escrevi no comboio? Quantas vozes, recordações, amores me povoaram o cérebro enquanto caminhava em Lisboa no meu regresso a casa?
E de repente, tenho medo que vinda para Lisboa me emagreça. Que me limite ao belo. Que me cegue, porque não me provoque. Porque foi justamente o confronto da fealdade e da resistência extrema a um mundo que não reconheço que me tornaram no ser que sou e no ser que escrevo.

1 comment:

Anonymous said...

Honestamente, tudo o que escreveste é verdade. Crua e dura, sim, é verdade. Lisboa foi a tua fuga, se nao tens razao para fugir, entao quem es tu?
Mas por outro lado talvez seja isso , deixar de fugir, encontrar a paz. A paz é tao ou mais dificil de aceitar que a guerra. Se nao for bem aceite, conduz ao vazio.

Texto tao simples, tao veridico. E tao dificil de explicar a ideia que o sustenta.
Gostei!

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