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Thursday, May 07, 2009

Funeral

No outro dia sonhei com a tua morte.
Estava na rua e de repente, senti que morrias. Diziam-me de mansinho que tinhas morrido. Uma electricidade desagradável percorreu todo o meu corpo até os olhos se encherem de lágrimas fáceis. E uma tristeza cavada apoderou-se de mim.
Morreste, disseram. Morreste longe. A tentar regressar? (Talvez a única especulação inventiva do meu sonho) Não interessa. Morreste, disseram.
E portanto morreu definitivamente toda a esperança de voltar a ver-te. De entender-te. De tentares. Morreu para sempre a esperança de ainda quereres mudar as coisas. Ainda quereres salvar o que de tão pouco ficou. Ainda que seja o vazio, é alguma coisa.
E ali estava eu. No teu funeral. Percorri léguas infinitas para lá chegar. Ao fim do Mundo. A minha derradeira viagem, onde desta vez a desilusão fui eu. (Entre nós, as viagens acabarão sempre mal.)
Fiquei só eu no fim. Onde estavam todos os outros? Não sei. Talvez eu não os visse. Talvez não existissem. O tempo passou e eu tinha-me esquecido que só tu existias para mim.
Agora acabavas de "não-existir". E eu estava só, num cemitério verde, com pequena uma rosa vermelha. Que deixei contigo.
E pela segunda vez deixei-te tudo o que tinha.
E pela segunda vez não podias fazer nada com o que eu te dava.


Alice

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