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Tuesday, May 05, 2009

Verão sempre me soube a maçãs

Verão sempre me soube a maçãs.

Era uma manhã de sol, aquele calor quente que nos trinca os músculos devagarinho.
Cheirava a fruta, a cores. E a escola era verde, natural.
E o Verão era este marasmo enérgico onde todas as horas eram boas. As roupas eram leves. Os sorrisos eram calmos e bons. Havia uma felicidade estagnada que de tão entranhada, era já estável. Era bom estar ali. E era bom não estar. Pensar no cheiro doce da praia que se adivinhava. Nas horas de sossego na toalha, onde os olhos fechados viam manchas cor-de-laranja. O cheiro do mar em todo o lado, na roupa, na almofada. Na pele.
Era bom estar ali a pensar nisso. A ver o horizonte do céu invariavelmente azul e a prever os salpicos das ondas. Os peixes, os caranguejos. As noites curtas e o adormecer de mansinho sob o cabelo áspero do sal. E ao mesmo tempo ensaiar a peça de teatro. Colorir o cenário que faltava. Correr sem parar debaixo do sol gentil de Junho e inspirar fundo o cheiro dos Manjericos e das alças frescas dos vestidos. Tanto o presente como futuro eram eternamente felizes. E não guerreavam.
Lembro-me dessa manhã de Junho, onde tive consciência de tudo isto. E cheirava a maçãs.

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